sábado, 24 de dezembro de 2011

Filas, e filas, e filas




Ir às compras num sábado de manhã exige uma boa dose de paciência. O dobro se for fim do mês. O triplo se esse sábado coincidir com a véspera de natal.
Portanto, além do saco das compras (recuso os sacos de plástico dos super’s) da câmara fotográfica (que nunca falta) e de algum, pouco dinheiro, enchi o bolso de tolerância e paciência e fui.
Cheio, como não dia deixar de ser, com os corredores apinhados, todas as caixas em funcionamento e filas quase intermináveis para cada um delas.
Fiz aquilo que faço sempre, nestas datas ainda mais necessário: em chegando à fila para pagamento, guardei um espaço entre mim e o cliente que me antecedia, criando assim espaço para que quem quisesse passar paralelamente às caixas o fizesse, sem ter que andar em zig-zag e a pedir passagem, sempre dada de má-vontade.
Cheguei-me à frente apenas quando já só tinha um cliente em espera, na esperança que, atrás de mim, fosse deixado um espaço equivalente. Em vão!
Aquele fulano, na casa dos vintes, entretido com uns SMS’s e com dois ou três artigos na mão, logo se encostou a mim e, atrás dele, uma familória de quatro saudáveis pimpolhos mais os respectivos progenitores.
Com um sorriso tão natalício quanto o possível, perguntei ao cavalheiro se sabia porque eu tinha deixado aquele espaço vago e se não poderia ele fazer o mesmo, facilitando a vida a quem passava.
“Que peçam passagem, que é como eu faço! E logo vejo se me afasto ou não! Além do mais, está incomodado por me ter encostado ao seu cesto de compras?”
“Não, não se preocupe com isso! Bom Natal e paz na terra aos homens de boa-vontade.” Foi o que ouviu de volta, mostrando eu um sorriso amarelo por entre a minha barba branca.
Atrás, a mãe da ranchada de filhos que ouviu a conversa, sorriu também e, como pôde, lá arrastou um metro o seu carrinho cheio, bem como a pequenada que a acompanhava, deixando o tal espaço simpático para que os demais passassem.

Há uns anos disse-me alguém que “Não se pode matar um leão todos os dias!” Mas uma leoa também serve.

Texto e imagem: by me

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