Uma pequena brincadeira em honra dos fotógrafos clássicos e
contemporâneos e dos seus métodos, semioticas e técnicas.
Dedicada a quem gosta e utiliza Pentax.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
By me
Uma pequena brincadeira em honra dos fotógrafos clássicos e
contemporâneos e dos seus métodos, semioticas e técnicas.
Dedicada a quem gosta e utiliza Pentax.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
By me
Lembraram-se do dia da espiga? Eu já nem me lembrava que ele
existia.
Foi apenas quando me deparei com uma vendedora de raminhos
da sorte, com três cestas cheias deles e vestida a rigor para o negócio, que a
memória se me acordou.
De conversa com ela, fiquei a saber que também é o dia da
nossa senhora da ascensão e que se celebram quarenta dias após a páscoa que,
como sabemos, é feriado móvel.
Consultada a web, que mais a vendedoura não me sabia dizer,
fiquei ciente que o dia da espiga é tradição bem anterior ao cristianismo e que
popularmente se recomenda pendurar o raminho atrás da porta de casa e aí o
manter até ano seguinte, como chamariz à boa sorte e à abundancia de víveres
durante o ano.
Não sou supersticioso, mas mal não fará e sempre é algo
bonito de se ver.
Em desmontando o set, agora que a fotografia está feita e o
texto está escrito, vou tratar de encontrar uma forma de o pendurar onde deve
estar e sem se estragar.
Boa sorte para todos, se for caso disso.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 10mm 1:4
Uma ocasião pediram-me, na escola onde antes havia dado
aulas, para lá ir ajudá-los: havia reclamações, por parte das entidades onde
eram feitos os estágios, quanto ao cuidado que os alunos tinham com os
equipamentos.
Lembram-se de mim para fazer um workshop ou um mini módulo
de várias horas, com o intuito de corrigir essa atitude dos alunos.
Eu não era conhecido dos jovens e qualquer referência que
pudesse haver seria apenas dada pela escola e por quem ali lecionava. E aparecer
assim de repente alguém para lhes falar de disciplina, método e cuidados com o
equipamento não seria bem recebida pelos jovens, com poucos efeitos daquilo que
se queria: mudar atitudes.
Lembrei-me eu de serem feitos alguns vídeos de curta
duração, tantos quantos os grupos que surgissem, sobre o assunto. E dizer a
estes mais velhos que os vídeos seriam usados como exemplo pedagógico para os
mais novos. Pedir ajuda costuma resultar, e foi o caso.
Indo mais longe, o enredo, a realização, as vertentes
técnicas, seriam feitas, concebidos e executadas por eles, bem com a
interpretação. O meu papel seria “apenas” o dar apoio teórico ou prático onde
eles tivessem mais dificuldades.
Usei como “engodo” adicional o facto de o projecto ter o
nome formal de “A minha amiga, a câmara”, mas que era apenas formal, já que eu
preferia chamar-lhe “A minha amante, a câmara”, mas que a escola não o
aceitara. Mas que seria o nosso segredo perante a hierarquia escolar.
Bingo! Alinharam no projecto, arregaçaram as mangas e a
coisa fez-se.
Claro que o meu objectivo era colocá-los a pensar seriamente
no assunto e a interiorizar tudo aquilo que iram demonstrar aos mais novos: o
cuidado a ter com o equipamento. Transporte, montagem e desmontagem, operação,
limpeza prévia e posterior, segurança.
Vem tudo isto a propósito de, de facto, a câmara (vídeo,
cinema, fotografia) ser a nossa amante. Aquele objecto, mais simples ou mais
complexo, que tratamos com carinho e com o qual temos relações e comportamentos
distintos de quase tudo resto na vida.
Não deixamos que qualquer um se encoste a nós, rosto
incluído, a menos que seja por questão médica ou estética corporal. Até mesmo
com os amigos mantemos alguma distância. Agora um amante, formal ou informal...
o nosso desejo e prática é mater essa proximidade total que não permitimos aos
demais. E o nosso rosto encostado à câmara como se amante fosse.
O mesmo se passa com os cuidados de segurança, de afagos, de
manutenção: um amante, no sentido de se ter amor por, recebe de nós o máximo de
atenção. Tal como a nossa câmara, mesmo que pareçamos displicentes no seu
manuseio.
A maior parte dos que conheço no mundo da imagem técnica têm
esses cuidados e intimidade com a sua câmara. Os que não têm é notório no
resultado do seu trabalho. E raramente duram muito tempo no ofício ou nas
empresas.
Não sei se será o vosso caso, mas aqui por casa tenho
diversas amantes.
Pentax K1 mkII, Pentax-M Macro 100mm 1:4
By me
Termos uma peça que, não sendo rara como alguns cromos, é
realmente pouco comum, é algo que nos enche o ego.
É o caso desta câmara.
É verdade que precisa de revisão interna a vários níveis. É verdade
que, do ponto de vista cosmético, denota bastante uso nem sempre o melhor. É verdade
que está incompleta, faltando-lhe uma peça semelhante a uma objectiva e o que
nela se coloca. Mas também quantos serão em portugal os que têm uma Pentax MF
para fazer fotografias endoscópicas?
Trata-se de uma adaptação original de fábrica para receber
uma sonda que seria introduzida no interior do corpo e fotografá-lo. Portanto o
seu uso é exclusivamente médico.
Pelo muito pouco que encontrei on-line, usar esta câmara
convencionalmente é algo de fora do comum, mesmo que se use uma objectiva ao
invés de uma sonda. Desde logo pelo controlo de exposição. Seguindo-se pelo
enquadramento, já que o visor não possui um despolido, como todas as outras
SLR, mas antes produz uma imagem aérea com uma sistema ótico para tal e que
necessita daquele “alto” junto à ocular. Some-se-lhe o produzir fotografias “half
frame”, verticais e com metade da largura do habitual, coisa que para quem não
está habituado é estranho. Esta marca fez mais tarde outra adaptação, também a
partir de um modelo Pentax ME, mas produzindo fotografias com o formato a que
estamos habituados – 24x30mm.
Do que consegui saber de quem ma vendeu, bem barata, terá
pertencido a seu pai que tinha um laboratório de imagiologia que, com o passar
dos tempos foi evoluindo, deixando de usar fotografia “analógica”. E isto ficou
guardado algures por lá. Entretanto esse senhor faleceu faz tempo e o filho
estava agora a desfazer-se do conteúdo em desuso armazenado no local.
Mais não pude saber, porque ele não sabia, nem mesmo onde
estariam as restantes peças complementares.
Nem desconfio de quantas terão sido produzidas, considerando
que o mercado para iste tipo de câmara é particularmente restrito. Mesmo no
mundo inteiro. Mas trata-se de um “cromo difícil” que será muito bem estimado
aqui por casa. Assim que for revisto e reparado naquilo que for possível,
tratarei de fazer pelo menos um rolinho e disso dar conta.
E se, por mero acaso, alguém tiver por aí perdido o
adaptador para a sonda endoscópica, por favor contacte-me. Ou mesmo o manual de
instruções.
Pentax K1 mkII, Pentax-M Macro 100mm 1:4
By me
Era um exercício que eu propunha a aprendizes de fotografia,
fosse qual fosse a idade ou equipamento: cores.
Num pequeno passeio mais ou menos aleatório pela cidade,
fotografar o que se via tendo por base as cores do que estava visível. Mas com
uma limitação: mostrar o que se queria mostrar mas com não mais que duas cores
no enquadramento, excluindo o fundo. Não importava o quê, mas esta
condicionante teria que ser cumprida.
O objectivo deste exercício com jogos de cor não era o
equilíbrio ou desequilíbrio entre elas. Isto de nada importava. Aquilo que se
queria era que se ganhasse o bom hábito de ver com olhos de ver todos os
detalhes do assunto e inclui-los ou exclui-los no enquadramento de acordo com o
pedido. Saber ver para além de olhar. Saber ponderar antes de obturar. Saber excluir
o descartável.
Claro que isto implica também saber jogar com distâncias e
perspectiva, por vezes também alguma ginástica acrobática para se conseguir o
que se queria. Tal como o recusar premir o botão porque a norma não se cumpre.
Este treino visual e a disciplina que implica é importante
para a prática da imagem técnica (fotografia, cinema, vídeo) para que não seja
necessário uma multiplicidade de técnicas posteriores de remendar o que ficou
roto na tomada de vista.
O passeio era antecedido de umas pequenas “brincadeiras” com
smarties ou pintarolas e guardanapos coloridos para despertar a atenção para as
cores. No final comiam-se os doces e limpava-se a boca.
By me
Quando saí do café, onde fui por uma bica em jeito de fim de
dia, parei cá fora e acendi um cigarro. Quedei-me ali um pouco, olhando em
redor, na esperança de encontrar algo que justificasse a presença da minha
câmara pendurada no ombro. Não tinha pressas.
De igual forma não tinha pressas aquele homem de uns 30 anos
e envergando uma camisola da mesma marca do logotipo na carrinha comercial que
acabara de estacionar. Vinha assoberbado com um saco de lixo e uma caixa de
cartão cheia de mais cartões.
Chegou-se aos contentores, abriu o de “indiferenciados” e
jogou o saco lá para dentro. Sem fechar a tampa, olhou em redor e jogou a caixa
de cartão no mesmo lixão.
Ainda ponderei ir ter com ele e perguntar-lhe porque não
usara o contentor de papel/cartão, mas parei a tempo. Juntou-se-lhe um outro e
ficaram de conversa. Não iria servir de muito, até porque o lixão estava quase
vazio pelo que eu havia visto uns dez minutos antes, e ele garantidamente não
iria corrigir o erro. E, junto com o amigo, a reação iria ser bem mais
veemente. É que são como as matilhas de cães: em conjunto são mais agressivas.
O meu caminho de volta a casa implicava passar junto a eles
e, à media que o fazia, ouvi parte da conversa:
“Agora vão ter só uma amostra mas da próxima, em ganhando
mesmo, vamos acabar de vez com essa esquerdalha de merda. Seremos os donos
disto tudo e ninguém se meterá connosco!”
Fiquei esclarecido.
Já a fotografia fi-la da janela, em trocando de objectiva.
Pentax K1
mkII, Tamron Adaptall2 200mm 1:3,5
By me
Uma fotografia antes de afogar de vez as mágoas e deixe de poder fotografar.
Amanhã será outro dia. E espero que as artroses se encolham
em função dos objectivos.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
Leio um artigo sobre fotografia de “eventos”. Aniversários,
casamentos, etc.
Começa ele com: “Festa é sinónimo de alegria, descontracção,
união, lindas decorações e muitos sorrisos espontâneos, não é mesmo? Mas o que
seriam esses momentos se eles não fossem eternizados? Parte fundamental de
qualquer evento, a fotografia só tem ganho status com o passar dos anos. É ela
a responsável por trazer tudo à tona novamente para ser curtido e
compartilhado.”
Eu sou fotógrafo. Pelo menos gosto de me pensar assim. Não
ganho a vida com ela, mas encho a alma com ela.
Mas uma coisa eu garanto: aquilo que não fica na minha
memória do que vivo a cada instante não se torna mais importante por ser
fotografado.
Quando precisamos de fazer registo material das vivências
para que as não esqueçamos, isso significa que o que vivemos tem pouca
importância. Por si mesma ou porque outros acontecimentos vieram relativizar os
significados e/ou importâncias.
Indo um pouco mais longe, a futilidade dos dias que correm,
o termos que dar importância pública a cada acontecimento ou correndo o risco
de sermos menorizados pelos que connosco o viveram, torna-nos ávidos
coleccionadores de memórias fosfóricas, relegando bem para segundo plano a
capacidade de recordar mais tarde o que não foi registado. A nossa vida, com
essa avidez da fotografia de cada instante, acaba por ficar resumida ao que foi
fotografado, ao fazermo-nos fotografar, ao que vemos que outros fotografaram. E
aquele sorriso lindo mas fugaz, aquele paladar subtil mas inebriante, aquele
som que se ergueu no meio da cacofonia ambiente… tudo isso perde importância.
Por muito belo que seja. Confiamos a nossa memória ao auxiliar visual do
instantâneo, ignorando os instantes significativos que vivemos.
Repito que quem escreve estas linhas faz da fotografia um
dos alimentos da alma.
Pentax K100D, Sigma 400mm 1:5,6
By me
O acto de fotografar é hoje quase tão banal quanto o beber
um copo de água.
Um pássaro, uma festividade, um acidente, um raio de luz e
já está! Saca-se da câmara, como o cowboy da pistola, e dispara-se, perdão,
fotografa-se.
O relativamente baixo custo das câmaras digitais, por vezes
disfarçadas de telemóveis, e o quase nulo custo do apertar do botão do
obturador - que nome se dará nas câmaras digitais? - faz com que talvez se
produzam mais fotografias por unidade de tempo que cigarros fumados. Ainda bem!
Há cada vez mais gente a registar aquilo que vê - e por
vezes aquilo que sente - o que permite que um maior número de pessoas tenha
acesso a uma forma de expressão que os satisfaça.
Mas este facilitismo tecnológico e, porque não, económico,
tem as suas desvantagens!
Por um lado, a fragilidade do seu suporte. As imagens
apagam-se com enorme facilidade, com um simples delete, para poupar espaço nos
arquivos. Ou ainda perdem-se com avarias imprevistas nos discos rígidos ou ópticos,
desaparecendo assim o trabalho e a memória colectiva.
Por outro, o custo zero do disparo faz com que os fotógrafos
produzam muito mais imagens de um mesmo assunto, cada uma delas menos pensada,
ponderada.
“Clic, clic, clic, à velocidade do processamento da memória
ou da prontidão do flash. Alguma delas estará boa. Depois logo se verá!”
A aprendizagem, através da “tentativa e erro” é francamente
mais lenta. O guardar na memória electrónica daquilo que o sensor vê é feito
com muito menos certezas e muito mais por acasos.
Talvez por tudo isto eu seja um pouco “conservador”!
Ainda que, no momento, quase só utilize equipamento digital
e, com ele, siga um pouco “na onda” do acima descrito, sinto alguma nostalgia
das câmaras clássicas de película. Em particular as de médio e grande formato.
O custo de cada imagem, tanto a nível do original como do
laboratório, implicava algum grau de certeza no acto de fotografar. E a
complexidade do equipamento e o seu peso e tempo usado antes e depois da tomada
de vista eram tais que só se disparava o obturador pela certa. Gastar trinta ou
mais minutos numa fotografia para “deitar fora” não é apelativo!
Estas câmaras, e o seu manuseio, tinham implicações -
limitações, desvantagens, vantagens? - que nos levavam a pensar o assunto, na
sua forma e conteúdo, que nos levavam a estudar a técnica e a estética de cada
imagem antes de a fazer. Que nos obrigava a “VER” a imagem, antes de a obter.
Não significa isto que as imagens produzidas por estas
câmaras e métodos fossem melhores que as actuais. A qualidade das fotografias -
e do trabalho do Homem - não depende da ferramenta mas dele mesmo e do uso que
lhes dá!
Mas levava a uma maior disciplina interior que hoje cada vez
mais se vê menos.
No caso da fotografia, cada vez mais se vêem imagens que,
sendo bastante razoáveis e tendo grande potencial, poderiam ser muito melhores
se o fotógrafo tivesse “pensado” e “visto” a imagem antes de a fazer.
O facilitismo e a quantidade nem sempre - ou raras vezes -
significam um aumento da qualidade na mesma proporção.
E contra mim falo, entenda-se!
By me
Fui enganado. Talvez antes deva dizer enganei-me. Para ser
franco: fui no embrulho!
No quiosque onde compro cigarros, demorei-me um pouco mais a
ver as capas, ou o que estava visível delas face à quantidade de títulos
disponível.
A um canto de um escaparate, dois exemplares de um terço (em
boa verdade é um rosário, já que são mais que três as orações correspondentes).
Estavam quase que escondidos, mas dei com eles.
O cartão que dava volume ao saco plástico da embalagem
dizia, simples e directo, “Terço Papa Francisco”. E a medalha ali aposta, como
se vê, a fotografia do defunto papa.
O meu pensamento imediato não teve dúvidas: ainda há dias o
homem foi sepultado e já há disto no mercado. São rápidos, caramba! Talvez num
esforço antecipado no santificar o pontífice.
Acabei por reduzir o stock a um exemplar.
Em chegando a casa abri o saquinho e observei com atenção. Na
parte de trás da medalhinha a referência ao centenário das aparições de Fátima,
1917-2017. E aí percebi tudo.
Há oito anos não venderam toda existência. E aproveitaram a
agonia e morte de Francisco para esvaziaram armazéns através de um jornal.
Recordam-se dos vendilhões do templo?
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me
Gostar de uma determinada marca, sem ser fanático, é como
ser fã de um músico ou adepto de uma equipa de futebol.
O simples som, cheiro ou vista fazem-nos acordar de alguma
letargia e encontrarmos a nossa preferência.
Há algum tempo veio parar-me às mãos o adaptador para
fotografia stereo da Pentax. Foi simpático da parte de quem o fez, mas
inconsequente. Sem o visor respectivo não se usufrui do efeito 3D.
Este fim de semana fui desafiado para ir a uma feira de
antiguidades e velharias. A uns 100 km daqui e de grandes dimensões, aquele
certame bi-anual promete sempre algumas surpresas.
Fui, mas convicto de pouco ir encontrar relacionado com
fotografia ou imagem em geral. Estava enganado.
Algumas bancas dedicavam-se ou tinham alguns itens este
género, ainda que a maioria com peças notóriamente em mau estado.
Mas, ao longe num corredor, vi uma promissora e apressei o
passo. E, a meia distância e no meio de tudo o resto, umas letras gravadas
gritavam por mim: Pentax.
Era a única peça com este nome, mas exactamente aquela que me
faltava: o visor 3D.
Tão em bom estado uma como outra, veio sem caixa original.
Mas também veio por um preço absurdamente baixo, mesmo pelos padrões
internacionais on-line.
Claro queste este conjunto, interessante do ponto de vista
de um colecionador de uma marca, me é completamente inútil. Tendo o meu olho
direito cego, a visão 3D é-me inacessível. Mas fica, para além de coleção, para
divertir visitas.
Terei agora, claro, que adquirir um ou dois rolos de slides
a cores ou positivar em película negativos em preto e branco, mas isso será
outra história.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me