Sou fumador há muitos anos e sei muito bem o que é querer um
cigarro e não ter.
Por isso, quando me pedem um cigarro na rua em regra dou. E fico
agradado quando quem pede percebe que o que dou é o último do maço e recusa. A minha
resposta é que tenho mais, ou que ía logo ali comprar mais e a cumplicidade
entre fumadores reforça-se.
Mas há algo que me faz sair do sério e recusar liminarmente
o dar o cigarro: quando chegam junto a mim e com ar displicente, quase como se
fosse uma obrigação, me dizem “Oh chefe, dê-me um cigarro!”
Em primeiro lugar um “por favor” fica sempre bem. Em seguida
o “Oh chefe” é dito com um tom de sobranceira, como que uma ordem dada. Não me
importa se tenho um maço cheio ou se vou comprar mais de seguida. Ou abano
apenas a cabeça ou sai-me um “Hoje não!” em tom desabrido.
Eu sei o que é querer fumar e não ter tabaco. Mas alguma
cordialidade ou quebra gelo fica sempre bem e ajuda no acto de partilha de
vícios.
Mas eu não sou conhecido por ter bom feitio!
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
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