quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Delitos e critérios




As coisas são o que são, tal como as pessoas e as instituições.

Em 2010 o então deputado e vice presidente da bancada do PS, Ricardo Rodrigues, não gostou de algumas perguntas feitas no decorrer de uma entrevista para uma revista portuguesa. Irritado, levantou-se, guardou no bolso os gravadores de som que estavam a ser usados para a entrevista e abandonou o local. Esqueceu-se, coitado, que também ali estava uma câmara de vídeo que tudo registou.

O caso foi levado à justiça com algum mediatismo, e terminou, ao que sei, com uma indemnização de alguns, poucos, milhares de euros.

Ricardo Rodrigues, entretanto, deixou o protagonismo do Parlamento e foi eleito como autarca nos Açores.

Agora surge uma notícia que nos conta que o Ministério Público o acusa de prevaricação e abuso de poder ao, alegadamente, ter favorecido um irmão e outros familiares de autarcas locais na cedência de um espaço comercial para restauração.

Diz-se que a justiça e as suas sentenças servem para reparação de danos às vítimas e para reinsersão dos delinquentes, fazendo-os aprender da gravidade dos seus actos e o imperioso de não os repetirem.

No entanto há quem não aprenda e que continue a praticar actos que a sociedade condena. Mas esta também não aprende, continuando a eleger delinquentes para lugares públicos, onde decidem e gerem aquilo que é de todos nós.

A isto acrescente-se um detalhe curioso:

Soube deste caso recente através de uma notícia num jornal diário on-line. Como é hábito, ela está ilustrada com uma fotografia. No caso, uma de arquivo. Mas a fotografia mostra a fachada da Procuradoria Geral da República e não, como também é habitual, o retrato de quem aqui é acusado.

Pequenos requintes editoriais que muito contam a quem neles reparar.

 


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