quarta-feira, 1 de julho de 2020

Velhos avisos



Os avisos têm sido mais que muitos:

O investimento maioritariamente no turismo, em Portugal, é empenhar o futuro.

Havia quem falasse na acalmia bélica do norte de áfrica e do médio oriente como fortes concorrentes a Portugal. Havia quem falasse em fortes investimentos na caraíbas e no índico para retirar movimento ao nosso país. Claro que ninguém aventava a possibilidade de não ser nada disto mas sim uma pandemia, fechando países e estancando o fluxo turístico.

Mas seja pela paz, seja pelo investimento, seja por doenças, a verdade é que estamos dependentes do turismo quase em exclusivo.

A hotelaria e a restauração surgiram como ervas por entre as pedras da calçada, necessitaram de mão de obra e as formações de jovens viraram-se para esse mercado.

Temos agora montões de gente formados em turismo e similares, comércio e serviços vocacionados para os estrangeiros e não temos gente, equipamentos ou indústria nos sectores capazes de fazer o país não dependente (ou pouco dependente) de gentes de outras paragens.

Não produzimos riqueza: aquele tipo de riqueza palpável, material, capaz de nos por a comer sem ter que andar a pedir a terceiros “venham cá, por favor”.

Transformamos o país de produtor a prestador de serviços. E em não havendo clientes não temos que vender ou, em último caso, de comer.

Bem avisado seria pensarmos a longo prazo, já que no curto é inconsequente, e tornar Portugal capaz de sobreviver sem tanto depender da sorte ou azar do clima, das guerras ou das doenças. Capaz de ser alguém e não um serviçal venerando e obrigado às esmolas ou vontades de terceiros.

A globalização, mesmo no turismo, tem destas coisas.

Como exemplo veja-se o desespero de políticos e afins com o destino de uma companhia aérea que é a transportadora de boa parte dos turistas que recebemos.

Há algo de errado na forma como projectamos o futuro, quando investimos tudo numa só via.


By me


Sem comentários: