quarta-feira, 31 de agosto de 2016

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Uma ocasião, faz tempo já, vieram ter comigo lá no meu trabalho.
Um colega queria saber se eu aceitaria o convite para integrar as listas do seu partido nas autárquicas que se aproximavam.
Por um lado fiquei espantado. Pensava que me conheciam melhor.
Por outro fiquei sensibilizado pela confiança, mesmo quando ele me disse que não me preocupasse, que era só para fazer número e que eu não ficaria em lugar elegível.
Claro que recusei o convite, com a afabilidade mas firmeza que a questão impunha.
Mesmo que os conceitos gerais dessa formação partidária pudessem estar perto dos meus, não gosto eu de estar preso por questões éticas, sentindo-me impossibilitado de contestar as decisões dessa formação, pelo menos enquanto durasse o mandato. Mesmo que eu não fosse eleito. Seria uma questão de lealdade para com quem me havia convidado.

Custa-me ver gente que tenho por inteligente a apoiar medidas ou conceitos com os quais eu sei que discordam, apenas porque o partido com que se identificam (ou pertencem) assim o diz ou concebe.
A lealdade partidária ou grupal é bonita e recomenda-se. Mas não para além daquilo que a nossa consciência e intelecto nos diz. Ou corremos o risco de nos trairmos nos nossos próprios princípios.


E sim: isto aplica-se no geral e num caso muito particular politico-partidário agora na ordem do dia.
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