Ao longo dos anos tive diversas câmaras fotográficas.
Confesso que já lhes perdi a conta, ainda que, se fizer um esforço de memória,
conseguirei saber quantas com rigor.
Tive-as de quase todos os formatos, de 18x24 a 110, de dispendiosas
e complexas a simples e baratinhas.
Cada uma delas cumpriu a sua função, satisfazendo os motivos
para que foram compradas. Ainda que algumas me tenham sido oferecidas, por este
ou aquele motivo. Cheguei mesmo ao ponto de construir uma, que se vê na imagem.
Tal como construi uma objectiva.
Algumas já não possuo. Ou foram-se, vendidas nalgum momento
de aperto económico, ou foram negociadas por troca de melhores, ou ainda oferecidas
a quem não possuía e necessitava. Outras estão apenas guardadas porque, por
este ou aquele motivo, deixaram de funcionar. Avarias ou falta de consumíveis,
as mais das vezes. Recordo mesmo uma Polaroid que se desfez porque lhe caiu em
cima um pesado martelo, num triste acidente.
De cada uma delas tenho memória de momentos, actos
fotográficos. E com cada uma delas, quando lhes pego de novo, as minhas mãos
sabem fazer aquilo que o cérebro pensava ter esquecido.
Mas há coisas que aprendi com cada uma e com todas:
Por um lado, não é a posse ou o uso desta ou daquela que me
transforma em melhor ou pior fotógrafo. Eventualmente poderei dizer que com
umas não poderei fazer fotografias que faço com outras.
Por outro lado, todas elas provocaram momentos únicos,
irrepetíveis. E prazer. Ou satisfação. A ambos os lados da objectiva. Sem
importar a sua complexidade ou preço. Ou mesmo fabricante.
Volta e meia pego numa das que estão guardadas e dou-lhe
uso. Película ou electrónica. Isto porque o carinho e intimidade que tenho por
cada uma faz com que não as queira “mortas” numa qualquer caixa ou estojo.
Dar-lhes uso é dar-lhes vida.
Mas também para me recordar daquilo que não esqueço em
momento algum: A câmara fotográfica é apenas aquilo que medeia entre aquilo que
vejo e aquilo que mostro.
Na imagem, uma fotografia não “programada”, feita no
decorrer do meu projecto “À-Lá-Minuta”, num jardim de Lisboa.
By me
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