Vejamos as coisas desta forma:
A Lua cheia, brilhante, num céu límpido, é um imã para qualquer
fotógrafo, amador, profissional ou nem uma coisa nem outra.
É um apelo ao inalcançável, ao romantismo juvenil ou nem por
isso, é aquele fenómeno cíclico mas só observável em condições especiais. E é,
para fotógrafos, a demonstração das suas capacidades técnicas e da excelência
do seu equipamento. Etc. etc., etc.
Mas convenhamos: uma Lua cheia e brilhante é tão observável
no cimo da cordilheira dos Andes como no deserto do Gobi. Num bote no meio de
um rio ou ao volante de um carro no centro de uma grande urbe. À saída de um
cosmopolita centro comercial ou sentado num solitário banco de jardim junto com
quem se ama.
E é igualmente fotografável em qualquer destas ou de outras
situações.
Aquilo que faz com que a observação de uma bela Lua cheia e
brilhante seja diferente é, mais que ela mesma, o espírito ou estado de alma de
quem a observa. E o local de onde se observa, com toda a sua envolvência.
Uma fotografia de uma Lua cheia e brilhante a encher o
enquadramento pode ser efectuada de qualquer local (ou quase), não se
diferenciando uma de outra.
Agora se essa mesma Lua cheia e brilhante for mostrada ou
fotografada num qualquer contexto, paisagens distantes ou primeiros planos,
monumentos icónicos naturais ou humanos, com alguém especial, mesmo que só uma
fracção desse alguém… nesse caso não teremos uma Lua cheia e brilhante mas “aquela”
Lua cheia e brilhante, naquela noite especial e naquele local de eleição,
fazendo dessa fotografia de uma Lua cheia e brilhante “aquela” fotografia.
As fotografias feitas fora de ambientes controlados (estúdio) não são
repetíveis. É o momento decisivo, como explicou o mestre. Podem ser copiadas ad
nauseam, mas o acto fotográfico não se repete. Tal como as emoções tidas
aquando do acto fotográfico.
Sugiro que ao fotografar uma Lua cheia e brilhante se procure mostrar
porque é que essa fotografia é “aquela” fotografia e não um documento técnico
de um astrónomo.
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