Em tempos conheci um
mestre!
Sócio na traineira que
comandava, nos mares algarvios e na costa Vicentina, o Mestre Luís Benjamim era
um homem ímpar.
Firme no leme e no sonar,
assim como com a companha, a sua generosidade para com o mar e a gente que o
amanhava era enorme. Mas bem maior que ela era o gosto que tinha pelo que
fazia. Meio a sério, meio a brincar, costumava dizer que era no mar e junto da roda
do leme que gostaria de morrer.
A vida, mãe ou madrasta
como quiserem, fez-lhe a vontade. Uma noite o coração colapsou-se-lhe enquanto
que com as mãos na roda buscava cardume.
Quando o soube, muito
tempo depois, sorri e disse de mim para mim que era assim que gostaria de
morrer: fazendo algo de que goste!
Há pouco, quando
preparava o saco da “tralha” antes de sair, não tive dúvidas!
Não sei o que o futuro me
reserva, ainda que provavelmente decidido por mim. Mas se puder escolher ou dar
uma ajudinha, gostaria que fosse a fotografar. A tentar fazer com que a luz que
vejo se materialize no papel ou no ecrã, se possível provocando algumas
reacções a quem as veja.
E na minha tumba, se a
isso tiver direito e se se justificar, no lugar de uma cruz coloquem uma
objectiva encastrada num cérebro.
Afinal, é isso que tenho feito quase toda a vida!
By me
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