segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Protestos e opções


 


Ao que parece, a Ordem dos Médicos emitiu um parecer sobre prioridades nas urgências ou cuidados intensivos caso não haja vaga para todos os que chegarem. Por outras palavras, há indicações sobre quais serão preferidos e quais os preteridos.

Por outras palavras, mais duras de dizer ou ler, quais os que serão salvos e quais os que serão deixados a morrer.

Já há quem venha a terreiro a protestar. Que as coisas não podem ser assim, que todos têm direito aos melhores cuidados, que não se pode deixar ninguém à sua sorte…

Ora bem: ao que sei (e posso estar errado) esta escolha ou critério é comummente usada em cenários de guerra ou de catástrofes naturais em que os feridos chegam em catadupas e o pessoal médico ou de enfermagem não tem capacidade para tratar todos. Têm a dura função de escolher entre os que podem salvar e os que não podem.

De igual modo, sei que em tempos, nos partos complicados em que não é possível salvar mãe e nascituro, a regra era salvar a mãe. Não sei se ainda será assim.

Para os que protestam, lembro que se não estancarmos o fluxo de doentes nas urgências, a dado passo nem nos corredores caberão. E os que por lá andam a tentar salvar vidas terão que decidir, entre dois casos, qual vale a pena salvar.

Quais serão os critérios? Eu não quereria de ter que tomar uma decisão dessas. E o existirem orientações sobre o que fazer quando não houverem ventiladores suficientes, ou quejando, será uma boa ajuda às consciências dos que, já muito cansados e sem mãos que cheguem para todos, tenham que decidir.


By me

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