Foi há umas semanas.
Numa página de venda de material fotográfico alguém
publicitava uma objectiva. Nada de especial.
O que tornava o anúncio fora do comum era o local onde a
objectiva estava exibida: numa estante, frente a livros!
É uma das coisas que é esquecida, as mais das vezes, por
quem quer fotografar um objecto: concentra-se nele, dando pouca importância à
envolvente. E esta é quase tão importante quando o assunto principal.
Cria a ambiência que cria a carga emotiva ao tema ou objecto
em causa. As linhas, as cores, a luz, os objectos por sim mesmos, o contraste
ou concordância com o assunto… Tudo isto faz a diferença entre uma fotografia
banal e uma que sobressaia da normalidade.
Decidi eu, num momento de ociosidade, fazer algo de
semelhante. Escolhi um conjunto fotográfico em particular e com história e uma
prateleira da minha estante. Esta não foi escolhida em função dos livros que lá
constavam. Confesso que foi preguiça e optei por uma com poucos objectos à
frete a serem retirados e a uma altura conveniente para não ter que fazer
ginástica com as luzes e o tripé da câmara.
Já os objectos… Talvez se enquadrem no que têm atrás.
A câmara foi-me gentilmente oferecida, numa memória ou
recordação de um bom amigo falecido.
A objectiva, um pouco mais antiga que a câmara, foi comprada
numa loja de artigos usados e, para minha surpresa, tem exactamente a minha
idade. A sua qualidade, creio eu, é superior à do actual dono.
O estojo, da mesma época do resto, foi comprado com a
objectiva, como que fazendo conjunto, pese embora ser de outra marca.
Fica o exercício, feito meio a correr, com o intuito de
matar o tempo e honrar uma fotografia que conseguiu prender-se a atenção.
Fica a informação adicional de que nada desta imagem está à
venda.
By me
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