Fico assustado quando
vejo “profissionais” da imagem, estática ou animada, a levarem ao extremo a
aplicação da “regra dos terços”.
Se as regras fossem para
serem aplicadas assim, com rigor, no fazer de imagem, todos aqueles que fazem
disso ofício estariam sem trabalho e, pior que isso, sem emprego. Que bastaria
um qualquer algoritmo e alguma tecnologia para os substituir.
O equilíbrio entre os
centros de interesse, as manchas de luz, sombra e cor, as linhas por elas
criadas, as perspectivas, os sentidos de leitura, a profundidade do espaço, a
harmonia de tudo isso com a nossa própria cultura e forma de interpretar aquilo
que vemos e fazemos…
Se tudo isto fosse
passível de ser objecto de regras e matemáticas, julgadas por juízes imparciais
e infalíveis…
A arte não existiria, a
vida seria uma sucessão de linhas e planos de projecção e os afectos, esses,
seriam aplicados de acordo com os tomos escritos p’los lentes e sabedores.
Por mim, quero quebrar as
regras, mesmo aquelas que eu mesmo concebo. E fico enfadado, de um tédio
mortal, quando vejo profissionais aterem-se a regras como lapas na rocha.
Pobres diabos, incapazes
de amar para além da família!
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