Um dos graves problemas da comunicação social é o jornalismo
de investigação.
Não ele por si mesmo mas a forma como é feito.
Perante um dado facto ou situação, o trabalho jornalístico é
feito no sentido de acusar alguém, sem dar azo a que quem é acusado tenha
oportunidade de se defender, apresentando algum tipo de provas, materiais ou
testemunhais, que refutem a acusação.
Ou, quando é exercido o direito ao contraditório, a
possibilidade de contrapor ao que é afirmado pelos jornalistas é reduzida a
quase nada.
No estado de direito em que vivemos não é essa a norma da
lei: Feita a investigação e apresentada a acusação, ao ou aos acusados é dada a
oportunidade de, em condições equivalentes, apresentar a defesa.
Serão complexos os procedimentos legais, talvez demasiado
para que o comum cidadão os entenda. Mas isto permite que quem julga (um juiz
no caso da lei) esteja na posse de todos os argumentos e provas para decidir da
culpabilidade ou inocência de quem ali vai acusado.
Na comunicação social o juiz é o público. Leitor, espectador
ou ouvinte. E se as partes não puderem apresentar justificações em pé de
igualdade, o público/juiz decide pela maior ou mais pesada argumentação: a dos
jornalistas.
Indo mais longe: o “sangue”, as parangonas, os directos intermináveis,
o tom do escrito ou reportado, irá fazer pender a balança para a acusação,
mesmo que injusta, imprecisa ou tendenciosa.
Tão ou mais grave que isto é o caso de se provar a inocência
no “tribunal mediático”. Não têm jornalistas ou empresas de comunicação a
prática de limpar o nome ou a reputação de quem acusaram e julgaram na praça
pública. Fica, para quem acompanhou as reportagens “sangrentas” e os discursos
inflamados, o “saber” da culpabilidade nunca equitativamente desmentido.
Por muito que possamos romancear sobre o “sagrado dever” do
jornalismo, ele não é praticado. Nos casos de sangue, de economia, política,
desporto, sociedade…
Quem tiver a pouca sorte de cair em desagrado por parte de
um jornalista ou redacção está inexoravelmente tramado. Por vezes com a vida e
o futuro desfeitos.
Recordo que os três poderes da sociedade são o legislativo,
o executivo e o judicial. O quarto poder, a comunicação social, não é sufragado
e tem interesses privados fruto do negócio de vender notícias.
A democracia, que tanto se defende por cá, não abrange os
media, retirando-lhes baias e éticas.
By me
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