sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Estética pisada




Um dos aspectos interessantes de observar, nesta minha recolha fotográfica de tampas, é a forma como as inscrições são distribuídas na sua superfície.
Sendo certo que ela, a superfície, tem que ter relevo para que se evite o metal polido e as consequentes faltas de aderência com ou sem água, para além dos desenhos são incluídas inscrições que referem a função ou o que está no seu interior, a propriedade do objecto ou o promotor da obra, o fabricante e mais alguns detalhes sobre a robustez ou capacidade de carga suportada. Ocasionalmente a data.
Todas estas informações são distribuídas num espaço circular, como são quase todas as tampas que se querem impedidas de caírem no interior da tubagem. E é aqui, na gestão do espaço e no como as informações são orientadas que “a porca torce o rabo”.
Em coroa, viradas para o interior. Em coroa, viradas para o exterior. Em coroa, com um único ponto de observação. Em paralelo, com um único ponto de observação….
Todas estas opções estéticas e comunicacionais são em função daquilo que a superfície tem que possuir, como fechos, pontos de encaixe para serem retiradas…
O que é normal de encontrar, nesta gestão de espaço, é a simetria. Circular ou linear. Quer dependa apenas de letras e números, quer inclua algum logotipo.
Esta é um caso raro, de entre as que tenho encontrado.
Quem a desenhou optou pela simetria circular nas informações técnicas do material e fabricante, mas quebrando-a com a identificação de função e proprietário.
Quem concebeu esta gestão de espaço, quer tenha sido o fabricante quer tenha sido o cliente, encontrou uma soberba harmonia, transformando algo meramente funcional que ninguém vê e todos pisam numa verdadeira obra de arte.

A todos vós, que caminhais e apenas vos preocupais se no chão há buraco ou prenda de cão, prestai um pouquinho mais de atenção onde pondes os pés. E honrai os quase anónimos que concebem e executam semelhantes peças.



By me

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