Vi-a do outro lado do claustro e fiquei guloso por um “boneco”.
O insólito do objecto, num lugar privado de objectos era
apelativo. Mais a mais, e à distância, a sua sobriedade estava em linha com a
sobriedade do local, as suas linhas “idem idem, aspas aspas”. E a sua
localização, bem centrada entre duas colunas quase faziam pensar que o
arquitecto setecentista o havia escolhido como o perfeito.
Quando a ela me cheguei, depois de percorrer o mesmo caminho
que os antigos frades, havia mudado de lugar: A vigilante do lugar teria achado
que de costas para as ervas seria indigno e colocou-a aqui.
Não tive coragem de recriar o que havia visto Nem de deixar
o registo por mãos alheias.
Mas enquanto tentava fazer o que queria com a vetusta 50mm,
um casal de turistas passeava, depois de ter visto os azulejos inscritos nos
guias turísticos e, talvez, a exposição fotográfica que ocupava uma das salas.
Aguardei, já com a perspectiva e o controlo de exposição
escolhidos, fazendo-lhes sinal que podiam passar. Passaram, mas fizeram questão
de participar no “momento decisivo”.
Arrepiaram caminho e, intrometendo-se no enquadramento,
quiseram colocar uma laranja no assento. Ele, que ela fez-me saber que me
fotografaria com a minha câmara comigo lá sentado.
Fiquei sem saber se era o seu sentido de humor embotado, se
influências das imagens expostas na sala se incapacidade de perceber que não se
interrompe um acto criativo.
Num inglês que não era a sua língua nativa lá lhes fiz
perceber que não, muito obrigado. E obriguei-os a ver outras imagens equivalentes
que havia feito, numa tentativa de lhes demonstrar que esse não era o caminho
visual que me inspirava.
Afastaram-se de nariz torcido. E fiquei sem saber se por não
gostarem do que haviam visto ou se por não terem podido participar.
O episódio acabou por se tornar bem mais interessante que a
fotografia, mas sempre ela aqui fica.
By me
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