Estive numa exposição. Colectiva. Em Lisboa.
Faz tempo que não frequentava nenhuma e isso fazia-me falta.
Faz-me falta.
Para procurar referências, pistas, novas ou diferentes
abordagens.
E, digam o que disserem os defensores do digital e do
consumo on-line, ver fotografias numa parede nada tem de semelhante do ponto de
vista emotivo ou mesmo visual com o ver as mesmas imagens num ecrã, por muito
bom que este seja. A menos, claro, que tenham sido concebidas para tal suporte.
E mesmo assim, tenho dúvidas.
Das dezenas que lá encontrei, foi esta que me encheu a alma.
Que falou comigo. Será esta que recordarei das que vi, pese embora a espectacularidade
de outras, de encher o olho. Mas o olho não é a alma, e mesmo que o olho
recorde, a alma falará mais alto daqui por uns anos.
Da exposição vim com o catálogo/livro. Sempre que posso
faço-o. Neste caso, está bem impresso, o que é uma mais-valia que nem sempre
encontramos. Como exemplo, recordo o livro contendo a última exposição em
Portugal de Sebastião Salgado, publicado pela Tachen. Que comprei a contra
gosto, não pelo preço mas antes pela falta de correspondência entre a qualidade
do exposto e do impresso. Ainda está no preservativo original, que quero manter
na memória o que vi, não a corrompendo com as páginas que ali estão.
E ainda bem que fiquei com o catálogo/livro desta exposição.
É que, procurando on-line para desta fotografia falar, não a encontrei. Nem no
site do autor, Filippo Zambom. Quem sabe se para proteger a sua propriedade
intelectual. Ou porque não lhe atribui a importância que lhe dei.
Aqui fica uma fotografia que me encheu a alma.
E o que é interessante de pensar é que ela, que tenho por
muito boa, não respeita regras de composição. Nem regra de ouro, nem linhas de
fuga, nem os espaços que os elementos requerem em geral… Um académico dirá que,
de acordo com as regras estéticas, esta será uma menos boa ou má fotografia.
Mas encheu-me a alma.
Exactamente porque o não cumprir os ditames impostos pelo
academismo consegue “falar” comigo e contar-me mais do que se fosse muito “certinha”,
em que seria mais uma no meio de muitos milhares (milhões) que são feitas todos
os dias. Nestas ou noutras circunstâncias.
Esta fotografia encheu-me a alma, por estranha ou risível
que seja a expressão.
Felizmente fiquei com uma cópia, que convosco aqui partilho.
O seu autor? Filippo Zambom.
By me
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