Os fotógrafos não são bem vindos no meio do trânsito.
Estranham isto?
Pois tentem fotografar algo que implique uma perspectiva a
partir de bem do meio da faixa de rodagem de uma qualquer rua. Ou bem que
esperam por uma pausa no trânsito, ou haverá sempre alguém que implique com o
fotógrafo.
E não importa se estão a usar a câmara na mão, ou em tripé, ou
mesmo que se tenham dado ao trabalho de colocar um triângulo ou pinos a “proteger”
a zona de trabalho. Haverá sempre automobilistas, a maioria, que protestarão.
E se nunca viveram isto é porque não são fotógrafos.
Mas há sempre algum que faz a diferença, bem hajam!
Um destes dias queria eu fotografar uma tampa de esgoto que
estava no meio do asfalto. Sendo rua com semáforos acima e abaixo, aguardei que
eles ma dessem uma “aberta” para lá chegar. Quase impossível.
Eis senão quando chegou um carrito pequeno, veio da
transversal, pelo que os semáforos não impediram a sua chegada. Já tinha eu
começado a andar para o local que queria e, em vendo-o aproximar, comecei a
arrepiar caminho. Que o raio dos carros são mais pesados que eu. Não precisei
de o fazer.
A senhora que o conduzia percebeu o que eu queria.
Atravessou-o parcialmente nas duas faixas, bloqueando-as, e fez-me sinal para
que eu fotografasse. Inequívoco. Com as duas mãos e um gesto de “Bora lá”.
Sorri-lhe e apressei-me no ali me levava.
Ainda ouvimos, eu e ela, umas buzinadelas de outros que
entretanto chegaram. Mas ela esperou os parcos segundos que demorei até me
retirar, para desfazer a posição e seguir viagem, que o semáforo entretanto
tinha ficado verde para eles.
Enquanto regressava ao passeio, sorri-lhe de orelha a orelha
e tirei-lhe o chapéu. O seu sorriso foi equivalente.
Ficarei sem saber se também fotografa tampas de esgoto no
meio do asfalto, ou se foi um gesto generalizado para com um fotógrafo
indiscriminado.
Bem haja!
By me
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