Sobre a morte de Feitas do Amaral, ouvi um político dizer um
disparate monumental: “Acabou de morrer”.
“Acabar” significa terminar qualquer coisa. E morrer não é
coisa que se termine. Ou bem que se está vivo, ou bem que se está morto.
Poderei dizer “Acabou de cair”. Faz sentido. Cair é uma acto
continuo, que pode ser mais longo ou mais breve, dependendo da altura da queda.
Mas não poderei dizer “Acabou de bater no chão”. Bater é um
acto instantâneo, PUM; é o momento do impacto. A menos que por “Bater no chão”
se queira dizer “Bater repetidamente”. Nesse caso, “Deixar de bater no chão”
faz sentido.
Acabar significa terminar. E num momento está-se vivo, no
seguinte está-se morto.
Mesmo que se use a expressão “está a morrer”, significa que
ainda não morreu, que está quase morto mas ainda não está.
“Acabar de morrer” é um disparate linguístico!
Nota adicional: Diogo Freitas do Amaral, pese embora tenha
estado sempre do outro lado da barricada, do ponto de vista político e das
opções de sociedade que defendia, é dos raros que eu respeitava desse lado.
Tenho-o na conta de um homem recto, anormalmente honesto nos seus pensamentos e
actos.
E isso merece todo o meu respeito.
By me
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