domingo, 6 de outubro de 2019

Evolução ou revolução




Estamos todos de tal modo embrenhados e formatados na sociedade em que vivemos que ouvir falar em conceitos radicalmente diferentes deixa-nos de boca aberta, quase que a pensar se se abandona o local ou se se chamam os paramédicos.
Foi quase o que aconteceu ontem.
Na antecipação do dia de hoje, falava-se, lá onde trabalho, de formações políticas e das suas prestações públicas nos últimos tempos. Das grandes e das pequenas, do que aparentam propor e do que está meio oculto nos seus discursos.
A dado passo meti-me na conversa e “descobri algumas carecas” de algumas dessas formações, mostrando o como algumas “bandeiras” não correspondem exactamente aos projectos de sociedade que muitos pensam corresponder. Tal como algumas práticas também não correspondem ao apregoado.
Conversa vai, conversa vem, e acabámos por falar em modelos de sociedade, de como têm vindo sido geridas e de como em quase todas as elites culturais ou endinheiradas se sobrepõem aos demais. E de sistemas alternativos, onde o dinheiro, enquanto comparativo do valor de bens e trabalho, pode ser inútil e abolido. Vantagens, desvantagens, experiencias concretas e de como foram sendo extintas: por quem e porquê.
Sei que abanei algumas mentalidades. Pelas respostas que obtive, pelos sorrisos condescendentes que vi e pelos que abandonaram a sala.
Mas, tenham lá santa paciência: ninguém me consegue convencer que a minha barriga é maior ou menor que a de qualquer outro, ou que alguém merece comer meia salsicha enquanto outros se batem com bifes.
É importante que colaboremos todos para a sociedade, na medida das capacidades de cada um e em função das necessidades do todo, sem que isso defina quem vive melhor ou quem vive pior.
A simples existência de hierarquias é, por si só, segregadora de qualidade de vida, fazendo com que uns sustentem com o seu esforço o conforto de outros. E isso não é justo!
Podem me dar como exemplos as inúmeras sociedades que se organizaram em hierarquias, tendo por base modelos diversos de valor de bens e serviços: trocas directas ou intermédias com pedrinhas, sal ou moedas.
Mas enquanto isso assim for, teremos sempre uns quantos a decidir sobre a vida de muitos outros, os primeiros no conforto, os segundos no limiar da sobrevivência.
Haja a coragem de dizermos que somos mesmo todos iguais e de vivermos em conformidade, mudando os paradigmas.
Por evolução ou por revolução.



By me

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