Estamos todos de tal modo embrenhados e formatados na
sociedade em que vivemos que ouvir falar em conceitos radicalmente diferentes
deixa-nos de boca aberta, quase que a pensar se se abandona o local ou se se
chamam os paramédicos.
Foi quase o que aconteceu ontem.
Na antecipação do dia de hoje, falava-se, lá onde trabalho,
de formações políticas e das suas prestações públicas nos últimos tempos. Das
grandes e das pequenas, do que aparentam propor e do que está meio oculto nos
seus discursos.
A dado passo meti-me na conversa e “descobri algumas carecas”
de algumas dessas formações, mostrando o como algumas “bandeiras” não
correspondem exactamente aos projectos de sociedade que muitos pensam
corresponder. Tal como algumas práticas também não correspondem ao apregoado.
Conversa vai, conversa vem, e acabámos por falar em modelos
de sociedade, de como têm vindo sido geridas e de como em quase todas as elites
culturais ou endinheiradas se sobrepõem aos demais. E de sistemas alternativos,
onde o dinheiro, enquanto comparativo do valor de bens e trabalho, pode ser
inútil e abolido. Vantagens, desvantagens, experiencias concretas e de como
foram sendo extintas: por quem e porquê.
Sei que abanei algumas mentalidades. Pelas respostas que
obtive, pelos sorrisos condescendentes que vi e pelos que abandonaram a sala.
Mas, tenham lá santa paciência: ninguém me consegue
convencer que a minha barriga é maior ou menor que a de qualquer outro, ou que
alguém merece comer meia salsicha enquanto outros se batem com bifes.
É importante que colaboremos todos para a sociedade, na
medida das capacidades de cada um e em função das necessidades do todo, sem que
isso defina quem vive melhor ou quem vive pior.
A simples existência de hierarquias é, por si só,
segregadora de qualidade de vida, fazendo com que uns sustentem com o seu
esforço o conforto de outros. E isso não é justo!
Podem me dar como exemplos as inúmeras sociedades que se
organizaram em hierarquias, tendo por base modelos diversos de valor de bens e
serviços: trocas directas ou intermédias com pedrinhas, sal ou moedas.
Mas enquanto isso assim for, teremos sempre uns quantos a
decidir sobre a vida de muitos outros, os primeiros no conforto, os segundos no
limiar da sobrevivência.
Haja a coragem de dizermos que somos mesmo todos iguais e de
vivermos em conformidade, mudando os paradigmas.
Por evolução ou por revolução.
By me
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