segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Jornaleiros




Em tempos dizia-se uma piada que nada tem de abonatório para os intervenientes:
“As principais ferramentas do jornalista são a tesoura e a fita-cola”.
Usava-se este chiste para caricaturar os “jornalistas” que faziam o seu trabalho limitando-se a recortar artigos de outros jornais e a colá-los no seu próprio.
Nos tempos que correm “As principais ferramentas do jornalista são o copy/past”.
Esta é piada minha, resultado da observação do como as notícias são resultado do que lhes é enviado pelas agências noticiosas e reproduzidas sem confirmação ou tratamento.
Mas os jornalistas hoje vão mais longe no seu “fazer notícias”.
Tropeço num artigo do Diário de Notícias que nos conta um pouco da vida da herdeira da fortuna e indústria dos cristais Swarovsky.
No final do artigo duas notas: uma remetendo-nos para o artigo original, publicado no “Dinheiro Vivo” e uma outra informando-nos que o artigo havia sido corrigido na nacionalidade da pessoa. E a data da correcção: 31 de Janeiro. O artigo original possui a mesma correcção.
A única coisa que diferem um do outro é que o do “Dinheiro Vivo” tem data de 6-12-2018 e o do “Diário de Notícias” tem data de 9-12-2018.
Por outras palavras: os jornais estão a publicar artigos agora que já têm quase um ano de escrita. A actualidade do texto será pouco importante, mas quem os ler ou bem que vai até ao fim e lê todos as palavras ou fica convencido que foi escrito agora.
Um pouco pior é o facto de ter sido copiado, palavra por palavra, sem acrescentar nem retirar uma vírgula. Já as ilustrações diferem, uma com uma galeria de imagens e um vídeo, a outra só com uma fotografia.

Ficam-me várias perguntas, fruto do meu mau feitio e cepticismo:
Qual ou quais as pertinências de publicar hoje um artigo com um ano?
Será que nada há a acrescentar ao que então foi escrito, actualizando-o?
Será que a referida senhora está com problemas com o seu império de cristais e jóias e necessitou de uma publicidade encapotada de notícia?
E se assim for, qual a transparência destes “jornais” no que toca a diferenciar notícias de publicidade?



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