Há uns anos
comprei este cinzeiro. Foi barato e veio de uma dessas lojas de inutilidades de
que os centros comerciais estão cheios.
O que é
interessante é que o comprei e usei que não para receber cinza ou pontas de
cigarros.
Serviu, antes sim,
e para além de objecto fotografado, como estimulador de memória. Que muitos não
terão.
Em tempos, era eu
catraio e ainda não fumava, este tipo de cinzeiro era símbolo de posição social
e só os possuía em casa que estivesse num patamar médio ou elevado ou muito
aspirasse a tal.
Tive um tio que
muito aspirou a tal. E tinha um cinzeiro destes em casa.
Claro está que
ele, o cinzeiro, estava interdito ao sobrinho, não fora ele estragar o dito
cujo com o constante premir a haste e ver rodar o prato logo abaixo.
Mão vão lá dizer a
um petiz que este tipo de coisas não são para brincar! Bastava ver pelas costas
a minha tia e logo eu punha aquilo a rodar. E logo era descoberto, que o
barulho que fazia era inconfundível.
Passado um meio século,
ou quase, eis-me na posse de um cinzeiro destes. Recordo que quando o comprei
parecia o petiz que fui e a fazer subir e descer a haste e a rodar o prato coma
mesma fúria de então e com um secreto temor que minha tia surgisse ali na
ombreira.
Agora, que já não
fumo, mais não fará que estar por aqui a avivar-me a memória ou ir para uma das
caixas de inutilidades que tenho até que seja necessário para uma fotografia ou
quejando.
Mas confesso que há
pouco, quando dei por ele e decidi fotografá-lo, não resisti a por aquilo a
trabalhar. E deliciar-me com o que via e o som que ouvia.
Traquinices!
By me
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