É hábito velho
meu.
Sair da cama com
pelo menos hora e meia de antecipação em relação ao que seria necessário se
fosse directo das cobertas para a rua, com passagem pelo banho e
pequeno-almoço.
Esta hora e meia,
que muito criticam, é-me necessária para encontrar a paz comigo e com o
universo. Uso-a para fazer coisas de que gosto, que me dão satisfação e que
fazem com que um eventual depósito de boa disposição se vá enchendo antes de
enfrentar as agruras e incómodos da vida e que enchem ao longo do dia um eventual
depósito de má disposição.
Com esta rotina,
consigo sair de casa com um sorriso estampado no rosto e com uma piada ou
trocadilho na ponta da língua. Mesmo quando o meu horário de trabalho me faz
sair do sono quando muitos ainda não se lhe chegaram.
“Mas que coisas
são essas, de que gostas para fazer logo ao sair da cama?”, perguntam-me
alguns.
Claro que isto é
uma questão que varia de indivíduo e só posso falar por mim: escrever um texto
que surgiu ao pôr-me de pé ou acabar um que na véspera ainda não tinha ganho
corpo na cabeça; terminar um conjunto texto/imagem, em que um deles ficou a
meio porque o relógio o impôs, fazer uma fotografia que me apeteceu aquando do
banho, acabar um capítulo de um livro que o sono me roubou na noite anterior,
ou filme não acabado de ver… há um conjunto de coisas que me agradam e cuja
prática me enche a alma antes de enfrentar o clima, os impostos, as normas
sociais e os governos, os outros seres humanos…
Acrescente-se que,
não sendo a vida uma rotina, podemos descobrir assim como que de repente novos
prazeres que queremos acrescentar a essa lista. Alguns que se podem sobrepor a
tudo resto.
Quando isso
acontece, o dia mereceu ser vivido.
By me
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