A liberdade é dos
bens mais preciosos da humanidade. E é tão caro ao Homem (e aos restantes seres
vivos, diga-se de passagem) que a civilização usa a sua privação como forma de
punição às infracções aos códigos sociais.
Mas o conceito de
liberdade é vasto e abrangente. Para uns poderá ser o movimentar-se sem
restrições, para outros o poder criar e desenvolver empreendimentos, para
outros o pensar e o falar.
E a ausência de
liberdade sempre foi um mal combatido na história. A rebeldia dos povos contra
autocratas e ditadores, o recurso a secretismos para escapar a esbirros
políticos ou religiosos, o sangue derramado por essa bandeira sem cor nem
pátria.
Alguns foram os
que entenderam ser seu dever levar esse conceito a todo o mundo e o fizeram.
Para dar apenas dois exemplos, Garibaldi e Che Guevara.
No entanto, e por
muito nobres que fossem – e eram – os seus ideais, incorreram num erro crasso,
hoje repetido: entenderam que o seu conceito de liberdade e a forma de o
implantar seriam universais e que todas as sociedades deveriam por ele estar
abrangidos. E, no momento em que assim pensaram e agiram foram tão autocratas
quanto os naturais dessas sociedades que aos seus irmãos de região impunham a
sua privação. Os conceitos sociais variam de zona para zona e de tempo para
tempo e não haverá, forçosamente, nem fórmulas universais nem que impor um
pensamento a quem não o tem. Tal como não se deve proibir de o ter. Esta é a
verdadeira essência de Liberdade.
Por mim, que não
sou nem genial nem altruísta para além do limite, entendo que a defesa que devo
e posso fazer da Liberdade se restringe à minha área de influência, à sociedade
em que me insiro. Junto daqueles que, de alguma forma, se regem por um mesmo
conjunto de códigos de sociedade e culturais, onde a minha forma de intervenção
pode e deve ser útil. Fazendo com que os meus pontos de vista, mais que serem
aceites, possam ser conhecidos. E que cada um, fazendo uso da sua liberdade de
acção e pensamento, possa optar pelas condutas que melhor lhe agradem. Passando
sempre pelo respeito das liberdades dos restantes.
Claro que este
exercício da Liberdade trás sempre amargos de boca. Por parte do exercício do
poder governamental, policial, partidário ou laboral. Até mesmo cultural. Há sempre
quem goste, queira e possa exercer a autocracia, tentando silenciar aqueles que
a denunciam em público. Tenho tido a minha quota-parte e cicatrizes por actuar
contra estes actos censórios e restringidores da Liberdade. Mas não é por isso
que o deixarei de o fazer e a exercer!
Mas é complicado
divulgar ideias e praticar a Liberdade no seio de sociedades que, sabendo-se
privadas dela e conscientes da sua existência, nada fazem por ela, em que cada
elemento se refugia no seu próprio micro-cosmos, fazendo por ignorar o macro em
que se insere. E, com este alhear do que rodeia e, em simultâneo, alijar de
responsabilidades, dar espaço de manobra alargado aos títeres e autocratas, de
grande ou pequeno calibre, que fazem da sua ditadura a sublimação das suas frustrações
pessoais.
É assim que
prefiro fazer ouvir a minha voz onde existo na realidade, na sociedade em que
estou inserido e que entendo por dentro, deixando as virtualidades das
intervenções para aqueles que, ao contrário de mim, querem e sabem agir para
além fronteiras e onde não são bem-vindos. E que assumem o risco de, por tanto
querem divulgar a Liberdade, acabarem por a impor, impedindo-a.
Até porque, de que
adianta querer arrumar a casa dos outros quando a nossa própria está caótica?
By me
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