terça-feira, 29 de abril de 2025
Apagões
segunda-feira, 28 de abril de 2025
Liberdade
domingo, 27 de abril de 2025
Abril
sexta-feira, 25 de abril de 2025
Recomendação
A todos os que hoje celebram a data maior uma recomendação:
Não se limitem a celebrar!
Façam-no com alegria e liberdade mas não deixem que aqueles
que o querem extinguir o consigam, mesmo que com falinhas mansas. Mesmo que com
discursos inflamados.
A demagogia, o populismo, a agressão ao que é diferente,
estão a crescer na teoria e na prática. No café, no autocarro, no trabalho.
Já vivemos isso e foi mau! Muito mau. Se o voltarmos a viver
será pior.
Muito pior!
By me
quarta-feira, 23 de abril de 2025
Fechado
É curioso!
Boa parte do que esteve na génese da revolução de Abril e
dos tempos que se lhe seguiram estão em linha com o que o papa Francisco
defendeu e praticou. Na teoria e na prática.
E o nosso governo, querendo ser mais papista que o papa,
decidiu que as comemorações do 25 de Abril deveriam ser mais comedidas porque
decretaram luto nacional pela sua morte.
Há aqui qualquer coisa de contraditório, parece-me.
Ou talvez não, que muitos são os que se alegram com a
menorização da importância de Abril e do que ele foi.
By me
Prazeres
Eu gosto de fotografar.
Gosto de usar a fotografia para transmitir algum tipo de
mensagem, mesmo que seja “vejam como isto é bonito”.
Gosto de, confrontado com um assunto, imaginar o resultado
final.
Gosto de, perante o resultado final imaginado, encontrar a
forma de o concretizar, usando a perspectiva e a luz.
E gosto de, perante a imagem final, poder dizer “Era isto
que eu queria”, nas suas diversas facetas.
Mas há prazer que tenho e que é um desfio intimista: perante
um assunto (que encontrei ou que criei) e perante a perspectiva que quero,
saber qual a objectiva ou distância focal para fotografar.
Claro que, para poder fazer este jogo muito pessoal, tenho
que conhecer mais ou menos bem as características de cada objectiva. Ou, por
outras palavras, tenho que saber qual o ângulo que cada uma me permite.
Foi o que estive a fazer hoje durante a tarde com a mais
recente aquisição: Uma 200mm 1:3,5 Tamron Adaptall2. Que, diga-se de passagem,
tem uma imagem menos contrastada que o que eu pensava.
Nas diversas fotografias que fiz nesse jogo de ângulos,
foi-me mais ou menos fácil “acertar”. Esta
foi a primeira e falhei: escolhi logo um exemplo mais complexo: algo
que, sendo redondo, é visto de baixo.
Mas cumpri o que me propunha: escolhida a perspectiva, não
arredei pé e foi dali que fotografei com o ângulo de visão que a objectiva me
proporcionava.
Talvez que me ajude nesta prática que tenho o ter usado
ínumeras vezes, em tempos recuados, o exercício proposto pelo mestre Adams: uma
cartolina preta com um rectângulo recortado e ser através dele que era decidido
o ponto de tomada de vista. Ainda antes de preparar a câmara. Isto quando eu
usava formato 9x12 ou 6,5x9.
Outros tempos e outras práticas.
Pentax K1
mkII, Tamron Adaptall2 200mm 1:3,5
By me
"Modos de ver"
Podemos ver o belo em tudo, mesmo na decrepitude.
Porque a beleza não está no que é visto mas no como é visto.
Pentax K1
mkII, Tamron Adaptall2 200mm 1:3,5
By me
terça-feira, 22 de abril de 2025
Um bom negócio
sexta-feira, 18 de abril de 2025
Modas e desafios
É verdade que sim! Também eu alinhei na moda.
Não que eu alinhe nas modas por serem modas e ter que andar
na crista da onda. Mas há modas que, sendo-o, acabam por se transformar em
desafio fotográfico. Pelo menos para mim.
Um exemplo disso foi a moda do “planking”, em que alinhei
exactamente pela vertente fotográfica. E foi divertido contextualizar ideias na
então moda juvenil e transversal a diversos continentes.
No caso, os paladares sugeridos nem sequer despertavam a
minha curiosidade. E as piadas com edição fotográfica não passavam disso:
piadas.
Mas há uns dias encostei-me ao balcão habitual para um café
habitual e no escaparate atrás de quem ali trabalha, bem em evidência, uma
embalagem contendo várias caixas disto. E pedi para ver o que lá estaria
escrito.
E foi a minha vertente fotográfica que me fez acabar por
comprar. A ponta da embalagem em preto com desenhos e letras em dourado brilhante
seriam um desafio. Mais: a palavra “Dubai”, no seu verde pistachio também
metalizado, intensificaram o desafio, levando-me a desembolsar o seu custo só
para fazer fotografia. E, no momento em que escrevo estas linhas, a embalagem
continua fechada, mesmo depois de fotografada.
E vai continuar até eu solucionar o que aqui não consegui:
mostrar em evidência o metalizado.
A abordagem básica seria recorrer a uma lei da óptica: o
ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. E tirar partido desse
metalizado.
O problema colocou-se assim que liguei as luzes: o raio da
caixa tem, toda ela, um acabamento semi-plastificado, o que faz com que, ao
conseguir evidenciar o metalizado, todo o branco da caixa “estoire” de
saturado, tornando a coisa inviável.
Estive quase uma hora de volta com o desafio e acabei por
fazer uma trégua: para já precindo dos metalizados e fotografo a embalagem
fugindo dos reflexos. Mas mantenho-a virgem, de modo a ela regressar, talvez
com mais paciência e depois de conversar com a almofada.
Talvez acabe por recorrer a um sabonete, mas isso seria
batota.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Grilhetas
Não há pior servidão que aquela em que o servo se anula, por
dentro e por fora, julgando fazê-lo em prol de um bem maior.
Pentax K1 mkII, Pentax FA Macro 100mm 1:3,5
By me
quarta-feira, 16 de abril de 2025
Uma fotografia por dia nem sabe o bem que lhe fazia.
Esta é a versão portuguesa daquela outra em inglês: “ A
picture a day keeps the doctor away.”
E uma das diversões da fotografia é, a partir de uma ideia
ou objecto, encontrar a abordagem que melhor nos agrada e que, ao mesmo tempo,
transmita a subjectividade que temos em mente. Nem sempre é fácil encontrar a
solução que queremos e, por vezes, passo dias pensando no assunto. Quantas
vezes com o objecto nas mãos ou apenas à vista, em busca mental para a imagem
do conceito base.
Isto sempre recorrendo a cenários e objectos complementares
úteis ou inúteis que tenho em casa.
A minha satisfação com esta fotografia ronda os 75%.
Do ponto de vista técnico está conseguida mas na sua
subjectividade tem demasiadas leituras para o meu gosto. Provavelmente voltarei
a este objecto, tentando limar as leituras adicionais e manter a ou as
principais.
Mas para já dou o ensaio por concluído, partindo hoje para
outro objecto da mesma família.
Pentax K1 mkII, Pentax FA macro 100mm 1:3,5
By me
terça-feira, 8 de abril de 2025
Direitos e deveres
Esta fotografia tem uma vintena de anos.
Tive que recorrer ao EXIF para obter alguns dados técnicos a
seu respeito.
A câmara foi uma DSLR Pentax K100d, com uns hoje
considerados pobres 6 megapixel. Com um valor ISO de 800 e um tempo de
exposição de 1/90.
Não tenho indicação da abertura, o que me leva a concluir (e
pelo que sei da minha prática então e agora) que foi usada uma 400mm com um
anel de extensão variável para poder ter foco a curtas distâncias. E com
recurso a um mono-pé, para estabilidade adicional.
Isto implicou (e implicaria hoje) o recurso a exposição
manual, tal como focagem manual. Mesmo que o despolido não possua “split
screen” ou micro-prismas. Já a exposição aconteceu baseada na leitura da câmara
e respectiva análise e compensação, considerando as áreas claras e escuras no
enquadramento.
Tudo isto são deduções baseadas nas informações técnicas da
imagem e na minha prática habitual.
Mas aquilo que sei, sem necessitar de recorrer a nenhum
arquivo ou informação escondida, é que foi feita sem afectar de forma alguma o
insecto.
Ou uma flor, se fosse esse o caso.
Em nenhuma circunstância me arrojo o direito de matar ou
mutilar um ser vivo, animal ou vegetal, para meu deleite fotográfico.
Não preciso de EXIF’s para o saber.
O universo, nas suas diversas formas e aspectos, merece e
tem direito ao mesmo respeito e cuidado que exijo para mim. E para mim quero
vida e liberdade.
E se melhor eu não for capaz de fazer, isso será problema
meu e nunca daquilo que fotografo.
Pentax K100D, Sigma 400mm 1:5,6
By me
Profissional
Há sempre aquela ideia do “Bora lá apimentar a coisa”, com o
objectivo de obter novos e melhores resultados. Há circunstâncias em que resulta,
outras resulta em caricato.
Um destas situações acontece no campo da publicidade. Em faltando
argumentos para convencer os incautos das qualidades do anunciado, introduzem o
conceito de “uso profissional” no texto ou na mensagem visual.
Com isto quer-se fazer passar a mensagem (e respectiva
condicionante de comportamento do público alvo) de se os profissionais usam
então é porque é bom e recomenda-se. E isto é utilizado em tudo quanto é
artigos, de automóveis e utensílios de cozinha, de detergentes a vestuário.
As mais das vezes isto é o equivalente a anunciar a “banha
da cobra, a que não estica nem dobra”.
A parte divertida disto é ver quem usa este “adicional”. Comum
é encontrar nos sites de vendas entre particulares o termo “profissional”,
usado por quem pouco ou nada entende da matéria, só para tentar com este isco
fisgar alguém que ainda percebe menos que ele.
Há bem mais que um ano que se encontra num destes sites
portugueses o anúncio a uma câmara igual a esta: Uma Pentax S1, fabricada entre
os anos de 1961 e 1962. Por outras palavras, de uma época em que de digital só
se conhecia a impressão e em que a eletrónica na fotografia pouco mais era que uma
visão de futuro.
Pois quem a vende faz questão de dizer ser uma câmara sólida
(nada a contestar), com boa imagem e de uso profissional. Não sei se na época
os profissionais usavam esta câmara, mas hoje só se for um profissional de
museu e colecionismo.
Admito que, durante algum tempo, tentei contactar o vendedor
para juntar esse exemplar aos que por cá tenho. Nunca me respondeu e acabei por
ser presenteado por um amigo com outro exemplar, que jazia num canto e sem
utilidade alguma.
Quando vejo o termo profissional, mesmo aplicado a pessoas,
lembro-me sempre da banha da cobra.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Pontos de vista
Eu diria que no processo fotográfico existem quatro tipos de
intervenientes:
Quem a imaginou e pediu, quem a executou, quem a utilizou e
o consumidor final. Isto é válido desta forma na fotografia comercial, quer
seja publicitária, de eventos, de informação...
Estes quatro grupos podem, e frequentemente acontece,
fundirem-se: quem imaginou e pediu funde-se com quem utilizou, quem a imaginou
funde-se com quem executou, quem imaginou e executou funde-se com quem
utilizou...
Já o consumidor final é um grupo autónomo e anónimo: quem vê
a publicidade, o album de família, a reportagem, a exposição.
Qualquer um destes grupos fica satisfeito quando um ou mais
dos restantes grupos fica agradado com o resultado. Por qualquer ordem dos
factores.
No fim de contas, a fotografia é uma forma de comunicação e
quando ela acontece a contento de todos o seu objectivo cumpriu-se.
Há ainda um quinto grupo. Marginal na quantidade e
“qualidade”. Aquele que funde num só os quatro referidos. O fotógrafo que faz o
que faz porque lhe dá na bolha, porque tem prazer nisso, porque é daí que
retira a sua satisfação emocional e intelectual e que, acima de tudo, não se
preocupa nem um pouco com o que acontece com os outros grupos. Não lhe importa
que gostem ou não, que tenham uma reação positiva ou negativa ao que faz. É o
fotógrafo que evolui à margem das tendências, que funciona em circuito fechado
dele para com ele.
Se a este se pode chamar fotógrafo é discutível. Utiliza a
fotografia como meio ou suporte mas não como forma de comunicação. O que, desde
logo, destroi o conceito da função original da fotografia.
No entanto, e acima de tudo, importa que o fotógrafo
encontre prazer no que faz: solitário ou como um elo numa cadeia comunicativa.
O resto são números, na conta bancária ou nos likes.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me
quinta-feira, 3 de abril de 2025
Tarifas e consequências
Por aquilo que consegui perceber do que nos foi dito, a
Colombia não faz parte dos países abrangidos pelas novas tarifas dos states.
Mas era de esperar!
Já imaginaram os tumultos se o preço do produto nas ruas
aumentasse 25%?
Em compensação, Portugal vai ser fortemente atingido no
sector vivícula. O que me deixa preocupado com os preços do precioso nectar nas
prateleiras das lojas e a respectiva diminuição na minha mesa. Só por causa
disso, vou ali beber um copito de branco à saúde de quem trabalha nas vinhas e
nas adegas.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me
terça-feira, 1 de abril de 2025
Velharia discreta
Aqueles que vão vendo o que por aqui vou publicando talvez
já tenham constado que raramente exibo imagens de pessoas. Homens ou mulheres, novos ou velhos, com mais ou
menos roupas. E constataram bem.
Há vários motivos para isso.
Desde logo o respeito pela imagem de quem é fotografado. E
muito se pode dizer sobre isto, trate-se ou não de modelos profissionais,
tenham ou não autorizado o fazer da fotografia ou o seu uso posterior. Mas não
vou enveredar por aqui agora.
Em seguida um outro aspecto, desde sempre contestado: o
fotógrafo é um cobiçador. Não podendo possuir o pôr do sol, o objecto ou o
sorriso, fica-se pela sua imagem, um ícone substituto do objecto cobiçado. E eu
não almejo possuir alguém, corpo ou alma.
Por fim, e igualmente importante, o ser raro a imagem
fotografada agradar ao fotografado em pleno. Quer se trate da forma, da pose ou
o que se interpreta do registado. Na melhor das hipóteses, em não se tratando
de um modelo profissional, sorriem agradecendo, sempre com alguma mágoa por
este ou aquele aspecto estar evidente.
Ou, se preferirem, porque entendem que o implícito ou a
leitura possível da imagem não corresponde ao que entendem de si ou querem mostrar
aos outros. Quer se trate o ego elevado ou modéstia encapotada.
Este canudo é um exemplo.
Trata-se de uma impressão em preto e branco, com uns
quarenta anos de existência e não muito bem conservada como se vê.
A pessoa aqui representada sempre contestou que se tratasse
de um retrato mas tão só uma fotografia interpretativa. A minha visão dessa
pessoa.
O que acaba por ter graça é que, com o passar dos anos, cada
vez mais encontro semelhanças entre o original e o aqui iconificado. Tanto no
então como no agora. Parecenças físicas e parecenças de personalidade e
comportamentos. Ficarei sempre sem saber se antevi o futuro ou se a pessoa se
foi moldando à imagem feita.
Com essa contestação permanente, fiz e tenho feito questão
de não exibir a fotografia. Nem on-line, nem em exposições físicas, nem mesmo
emoldurada e pendurada em minha casa. No fim de contas, há que respeitar a
opinião de quem se disponibilizou ao fazer da fotografia. Mas sempre mantive o
positivo guardado. Mal guardado, como se vê, acabando por ficar um rolo de
papel que mantém na discrição do seu interior a prata que retrata. Física e
psicológicamente, achei eu então e acho eu hoje. Cada vez mais.
Talvez um dia mergulhe fundo nas caixas de antanho, encontre
o negativo original e faça uma digitalização. E talvez, só talvez, a exiba
perante olhares estranhos ao fotógrafo e a quem foi fotografado.
Mas o original – este – irá manter-se assim: enrolado e
discreto.
Pentax K1
mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5
By me