Confesso que recordo com saudade os tempos em que pensava
que a palavra dada valia ouro. E isso era tanto mais verdade quanto as
cumplicidades existiam. Entre amigos ou familiares não havia necessidade de
mentir: Apresentavam-se argumentos ou justificações e era quanto bastava. Os
afectos eram a base da honra. Da palavra de honra. Nem sempre eram necessários
os afectos, mas em existindo era um facto.
Talvez eu tenha vivido numa gaiola dourada, que me impedia
sair dela, mas que também me protegeu, as mais das vezes, de decepções e
enganos.
Com o passar dos tempos fui aprendendo que as barras dessa
gaiola eram demasiadamente permeáveis. E que aquilo que eu pensava proteger-me
na prática apenas era um doce engano. E, volta e meia, lá fui criando calos com
os erros e as falsas honras.
Ainda hoje gosto e quero pensar que a palavra dada, a
história contada, o argumento apresentado são verdade. A mentira não faz parte
da minha prática e procuro calibrar os outros por aquilo que pratico.
E quando acontece o desengano doi! Doi por ter sido
enganado, doi por a minha confiança ter sido quebrada, doi por perceber que,
afinal, é mais o espaço vazio entre as grades que o ocupado por elas.
Claro que aprendo. Uma vez enganado por alguém, o conceito de
honra cai por terra. E até que se volte a erguer… Como vi uma vez escrito numa
parede alfacinha, “Não perdoamos nem esquecemos”!
Fica o recado para alguém que ainda não aprendeu que a sua
palavra é o maior bem que pode possuir, que não há dinheiro que a compre. E que
por muito importante que seja o seu umbigo o mundo não gira em seu redor.
By me
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