Os meus olhos são uns
olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo
escolhos
onde outros, com outros
olhos,
não vêem escolhos
nenhuns.
Quem diz escolhos diz
flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem lutos e
dores
uns outros descobrem
cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e
fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser
antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São
gigantes.
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