Estávamos em
Novembro de 2015. Na Assembleia da República votava-se a continuidade ou não do
governo de Pedro Passos Coelho. Cá fora, a multidão seguia o que podia através
da rádio, bem mais rápida e fiel que as redes sociais.
Quando o resultado
se soube, correu por aquela mol de gente uma alegria incomum, em que conhecidos
e desconhecidos se abraçavam e beijavam. Eu incluído, apesar do meu “disfarce”
de fotógrafo, com a tralha na mão, ao ombro e a mochila nas costas.
A dado passo alguém
gritou perto de mim uma palavra de ordem em desordem com as demais:
“Já caiu, já caiu,
vão p’ra puta que o pariu! Já caiu, já caiu, vão p’ra puta que o pariu!”
Um rastilho não
seria tão rápido. E, em menos de nada, éramos uns milhares a assim gritar, a
plenos pulmões ou nem tanto.
Não recordo o
rosto de quem primeiro o disse. Era um destes, talvez que mais à direita do
enquadramento. Mas o grito ficou, ecoando naquelas paredes que tantos gritos já
ouviram.
Quando, não muito
tempo depois, alguns deputados se nos juntaram na rua para aquela celebração, o
grito ainda se ouvia, aqui ou ali.
E recordo, a par
do grito e da alegria, que um dos deputados que se juntaram à turba alegre e
festiva era Jorge Falcato, na sua cadeira de rodas. Que se o Parlamento ainda não
estava adaptado a pessoas com mobilidade reduzida, isso não o impediu de sair à
rua e festejar.
Só o arquivo ou a
net me dizem com rigor a data de tais acontecimentos. Dez de Novembro de 2015.
Mas o que vi e ouvi jamais me sairá da memória.
By me
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