Recomenda-se. O
texto e o livro por inteiro.
Já a fotografia,
desculpem, é minha.
“…
Ao escrever que
topei com os espantalhos totalmente por acaso, ocorreu-me logo a frase de
Tolstoi segundo a qual nada acontece por acaso, o que significa que a nossa
vida está subordinada a um desígnio preestabelecido e que a própria ideia de
livre arbítrio é ilusória visto que essa suposta liberdade não é senão um dos
avatares daquele supremo desígnio. Mas Tolstoi era um crente e era um génio: eu
não sou nem uma coisa nem outra. Incomoda-me a ideia de um fatalismo inelutável,
a convicção de que as coisas acontecem porque têm que acontecer, porque é o
Destino ou a vontade de Deus. Revolto-me contra a ideia de que todas as vidas são
trágicas e se reduzem a completar, a cheio, um tracejado previamente desenhado pelo
Fado. E, todavia, por mais que faça, não consigo aceitar que aquele meu
primeiro contacto com os espantalhos tivesse acontecido por acaso. Havia
qualquer coisa cá dentro que me predispunha a esse encontro. “
In “Reflexões
sobre fotografia, eu, a fotografia ou outros”, por Gérard Castello-Lopes
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