sábado, 22 de abril de 2017

Cravo seco e morto



Já acontecem, de um modo ou de outro, as comemorações do 25 de Abril.
Algumas muito discretas antes da data real, outras preparando as manifestações e desfiles de rua no dia propriamente dito, mas já se festeja.
Infelizmente!
Digo eu, correndo o risco de ser excomungado, apedrejado, desamigado e etc.
Mas eu explico:
A revolução e o que se lhe seguiu, nos dias e meses consequentes, foi algo de único, irrepetível. Nas práticas e nas teorias, no que deixou de ser e no que veio a ser, nos discursos e nos sonhos.
Mas mais importante que o que mudou, mais importante que o que deixou de ser, foi a certeza de que o futuro é nosso, mais assim ou mais assado mas é nosso. E que somos nós que o fazemos. Com mais sacrifício ou displicência, com certezas ou às apalpadelas, o futuro estava nas nossas mãos e fizemo-lo.
Bem ou mal, poderemos sempre discutir. Mas era nosso e não o deixávamos em mãos alheias, indo lá e fazendo algo.

Não é o que sucede hoje!
A maior parte acha que alguém tem que decidir por si o seu próprio futuro e que basta uma cruzinha de quando em vez para garantir isso. E que os protestos, de rua ou de rede social, são suficientes quando as coisas correm menos bem.
Não são!
E enquanto tantos acharem que os outros é que têm que endireitar o mundo, vamos continuar submissos, venerandos e obrigados aos que acham que somos matéria-prima para o seus negócios. Nos contratos, nas segregações, nas inseguranças de futuro. Nas perseguições e nas mordaças, cada vez mais apertadas.


Enquanto as celebrações do 25 de Abril forem apenas desfiles, discursos e exibição de cravos, nunca passarão disso: celebração do passado que não se repete e não construção do futuro que queremos para nós e para os nossos.

By me 

Sem comentários: