Das minhas primeiras compras a sério no campo da fotografia,
a terceira foi um semi-fiasco.
Comecei por uma Pentax MX, com uma 50mm f/1,7. Um conjunto
de entrada, particularmente fiel e robusto. Ainda possuo a objectiva.
A segunda foi uma objectiva 75-150mm f/4. Foi o que o meu
orçamento permitiu e continua a prestar bons serviços, ainda que ambicionasse
uma Vivitar 70-210mm f/4, série 1. Um topo de gama, à época e creio que ainda
hoje.
A terceira foi um tripé. Um barato, cuja marca já não recordo,
escolhido pelo aspecto, leveza e preço, ignorando eu muita coisa sobre tripés.
Durou uns anos, mas antes de passar à reforma tratei de adquirir outro.
Não tinha eu a noção da importância da robustez, fruto dos
materiais, peso e localização do centro de gravidade. Menos ainda sabia da
importância da solidez da cabeça. Não apenas para suportar o peso que lhe é
colocado como para absorver as vibrações provocadas pelo mecanismo de obturação:
movimento do espelho e das cortinas.
De momento, passados todos estes anos, possuo diversos
suportes de câmara. Uns minúsculos tripés de mesa, para câmaras de bolso ou
quejando, um tripé de madeira e alumínio, mais velho que eu e usado quase que
em exclusivo com a minha câmara “À-Lá-Minuta”, um Gitzo suficientemente pequeno
para passeios, mas não tão leve quanto o meu corpo, já não tão novo, gostaria,
e um Bembo.
Sou um fã incondicional deste último!
O seu sistema de fixação da abertura das pernas ou do ângulo
de posicionamento da coluna são incomuns e, sem prática, arriscado. Um único
travão para tudo isso. Mas permite colocar a cabeça em qualquer posição, em qualquer
eixo, usando uma mão para segurar a câmara e outra para travar o conjunto. Engenhoso
mas ardiloso.
Tem este tripé uma característica também original: nas suas
pernas, de apenas duas secções, é a superior que entra na inferior e não o
inverso como habitualmente. Isto aumenta-lhe o peso e o volume, mas permite
usar o conjunto em água, lama ou areia sem que estas entrem no sistema. Recomenda-se
para quem faça fotografia no exterior, em terrenos “sujos”, já que é muito
fácil de limpar sem colocar em risco tubos e roscas de fixação.
Claro que tudo isto o torna pesado e um pouco incómodo de
transportar, mas é fiel, robusto e, com o tempo, aprende-se a gostar muito. É o
meu tripé de serviço.
No topo dos tripés, a cabeça. Peça tantas vezes negligenciada,
tanto no peso que suporta como na forma como é travada. E, com o passar dos
tempos e sem manutenção, acaba por nos trair naquilo que mais queremos: uma
câmara solidamente colocada.
Tenho uma Gitzo clássica, velha e muito usada, e três
Manfrotto: uma de rótula, relativamente robusta, e duas 115. Estas suportam
razoavelmente bem o peso que lhes costumo colocar, absorvem bem as vibrações da
câmara e são muito fáceis de manter e limpar. Dependendo do uso que lhes dou,
uma vez a cada dois ou três anos mais ou menos.
Acrescente-se a vantagem de estas 115 de terem uma grande
flexibilidade no tocante a posição, bem como os manípulos serem ajustáveis.
A maioria dos fotógrafos preocupa-se com sensores ou
películas. Ainda bem!
Preocupam-se igualmente com as objectivas. Importantíssimo!
Mas os suportes, bem como os pára-sois, acabam por ficar “para
quando houver oportunidade”. Alguns dos problemas que se encontram mas imagens
finais surgem desta atitude.
Disse-me um mestre e amigo, atribuindo-o a uma mestre
mundial: “Só há dois tipos de fotografia: tremidas ou feitas com tripé”.
Tal como me disse, com a mesma origem: “Se não podes ter um
bom tripé, arranja um monopé!”
Passe-se os exageros, são dois bons conselhos.
By me
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