Esta fotografia já tem uns quantos anitos.
Foi feita a pensar em Diógenes e na sua busca por um homem
honesto.
Recordo ter-me dado uma trabalheira desgraçada e de ter
feito já nem sei quantas tentativas até obter esta.
Desde logo porque estava a trabalhar sozinho, o que
transforma um auto-retrato num trabalho de tentativa e erro e num penoso
exercício de paciência.
Em seguida porque sabia exactamente o que queria e não foi
de todo fácil conseguir uma aproximação sofrível ao que tinha imaginado.
Depois porque estive a trabalhar com flashs portáteis, sem
luz de modelação. Saber com rigor onde incidem e que sombras provocam implica
experiência, imaginação e paciência.
Acrescente-se que o jogo de intensidades entre um flash e a
luz de uma cadeia é algo complicado de obter, mesmo medindo e voltando a medir.
Some-se-lhe a necessidade de o candeeiro não provocar sombra
no rosto e de a luz correspondente passar sob o braço não incidindo neste foi
trabalho insano para quem posa, desmonta posição para ver o resultado e
regressa à posição com algumas correcções.
Por fim, o equilíbrio de contrastes para que o candeeiro
tivesse algum detalhe e se percebesse de que material era feito.
Não foi trabalho fácil e, confesso, não me deixou
inteiramente satisfeito. Mas, ao fim de algumas horas, a paciência
esgotou-se-me.
Mas ainda hoje procuro um homem honesto, tal como Diógenes.
By me
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