domingo, 13 de dezembro de 2020

Tal como Diógenes


 


Esta fotografia já tem uns quantos anitos.

Foi feita a pensar em Diógenes e na sua busca por um homem honesto.

Recordo ter-me dado uma trabalheira desgraçada e de ter feito já nem sei quantas tentativas até obter esta.

Desde logo porque estava a trabalhar sozinho, o que transforma um auto-retrato num trabalho de tentativa e erro e num penoso exercício de paciência.

Em seguida porque sabia exactamente o que queria e não foi de todo fácil conseguir uma aproximação sofrível ao que tinha imaginado.

Depois porque estive a trabalhar com flashs portáteis, sem luz de modelação. Saber com rigor onde incidem e que sombras provocam implica experiência, imaginação e paciência.

Acrescente-se que o jogo de intensidades entre um flash e a luz de uma cadeia é algo complicado de obter, mesmo medindo e voltando a medir.

Some-se-lhe a necessidade de o candeeiro não provocar sombra no rosto e de a luz correspondente passar sob o braço não incidindo neste foi trabalho insano para quem posa, desmonta posição para ver o resultado e regressa à posição com algumas correcções.

Por fim, o equilíbrio de contrastes para que o candeeiro tivesse algum detalhe e se percebesse de que material era feito.

Não foi trabalho fácil e, confesso, não me deixou inteiramente satisfeito. Mas, ao fim de algumas horas, a paciência esgotou-se-me.

Mas ainda hoje procuro um homem honesto, tal como Diógenes.

 

By me

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