O local que tínhamos
escolhido para acampar estava interdito. Pelo que continuámos, de mochila às
costas, em busca de outro.
A escolha recaiu num
terreiro, bem liso e horizontal, mesmo ao lado de uma igreja, numa aldeola
próxima.
Além da “barraca” que
armámos, montámos a tenda e comemos do farnel que levávamos. E, citadinos que
éramos, decidimos ir tomar um café no tasco, do outro lado da rua e da igreja.
Mesas de pedra, copos de
vinho, dominó… Chegados ao balcão, pedimos as bicas. E fez-se um silêncio denso,
pesado. Entreolhámo-nos e olhámos em redor, tentando perceber o que havíamos
dito ou feito.
Nessa noite não havíamos
feito, que eram colegas que o estavam a fazer: Num velho televisor, alto na
parede, havia começado o telejornal e todos ali pararam para o ver.
Nessa noite aprendi, mais
que de qualquer outra forma, algo que nunca mais esqueci, tantos anos que já
passaram:
Que aquilo que fazemos, tantas vezes com a displicência do quotidiano,
são os olhos e os ouvidos dos nossos concidadãos para o mundo.
E que esta actividade é quase uma profissão de fé em que o público, não
sendo endeusado, anda lá perto.
By me
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