terça-feira, 25 de agosto de 2020

Ignoto deo


 

É curioso como se consideram os “livros sagrados” como algo imutável, verdades absolutas, leis e normas não discutíveis ou alteráveis.

Por muitos séculos que possam ter, por muitas civilizações que por eles tenham passado, por muito que as normas da vida humana em sociedade possam ter sido alterados, continuam a considerar que os “livros sagrados” não são discutíveis.

E são milhões pelo mundo fora que afirmam “Está no Livro” e, com isso ou contra isso nenhum outro argumento é aceitável.

E, no entanto, sabemos que os livros são escritos por humanos, indo buscar a inspiração para o escrever aqui ou ali. Alguns baseiam-se nas suas próprias vivências, outros no que observam do universo que os cerca, outros ainda indo buscando inspiração no fundo de uma garrafa ou agulha.

A nenhum destes se atribui o caracter de “divino”.

Mas ao “Livro”, seja qual for a teoria que contenha sobre o ou os deuses, atribui-se o valor de inquestionável, de infalível, de absoluto.

Talvez porque, na época em que foram escritos, poucos fossem os que o saberiam ler ou escrever e as palavras vertidas em pergaminho, papiro, estelas ou paredes de pedra tivessem um caracter tão misterioso quanto divino por si mesmo.

Ainda hoje o simples facto de estar escrito no “Livro” faz disso um mistério e lei, fazendo milhões moverem-se e lutarem pela afirmação da sua verdade. Seja-o ou não.

Que os deuses nos protejam das verdades insofismáveis e das inspirações líquidas ou gasosas.

Mas eles, os deuses, devem divertir-se à brava com os confrontos entre as verdades absolutas dos humanos.


By me

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