sábado, 15 de agosto de 2020

Modos de vida

 


A história passou-se numa papelaria do centro de lisboa, numa estreita e velha rua, com um já idoso caixeiro que pedia meças à idade do balcão de sólida e vetusta madeira.

Um cliente a ser atendido, com diversas idas e vindas de quem o atendia. Três clientes à espera de vez, com a calma que hoje não se encontra no “fash-shopping” das grandes superfícies.

De súbito o telefone toca.

Os telemóveis e smartphones de hoje faziam parte dos romances e filmes de ficção científica. Aquele tinha um disco numerado no seu exterior e duas potentes campainhas no seu interior. E eram estas que vibravam, não deixando ninguém indiferente, mesmo que a uns bons metros de distância e com problemas auditivos.

Ao cabo de algum tempo de tocar e de ser ingloriamente ignorado pelo empregado, um dos clientes alertou-o para o aparelho e o seu estridente chamado. A resposta foi lapidar:

“Eu já ouvi. Deve ser um cliente que não quer estar na fila à espera de ser atendido e quer fazer o pedido pelo telefone. Atendo quando for a sua vez, a seguir àquele senhor.”

 

Não creio que hoje, seja qual for o ramo de comércio ou serviço ou a superfície do balcão, volte a ouvir semelhante resposta.

 

By me

Imagem roubada da net

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