Ao contrário de uma câmara de reverberação, onde acontecem
ecos ou reprodução de sons com atrasos controlados, a câmara anecóica é um
espaço onde não há sons.
Melhor dizendo, é um espaço onde não penetram sons mas que
também não ecoam os sons que lá se possam produzir, como os do próprio corpo.
Há quem lhe chame de câmara surda.
E não é fácil estar no seu interior, existindo apenas os
sons que o próprio produz, sem ecos. O silêncio absoluto, o “zero som” é muito
mais incomodativo que a escuridão total. Que o ser humano não produz luz mas
produz som, dos zumbidos dos ouvidos ao batimento cardíaco.
Dizem os especialistas que estar numa câmara anecóica perfeita
é uma experiência terrível, onde o mais resistente aguentou uma hora, não mais.
Como complemento a esta experiência, recorde-se que nascemos
“cegos”, vindos de uma existência sem luz mas onde o som chega, e que o último
dos cinco sentidos a desvanecer-se é o da audição.
Por mim, que sou um ser da imagem (real e luminosa ou
mental) o som é um complemento à existência. Mas, com qualquer outro ser vivo,
o silêncio total (e já estive numa câmara surda) é algo difícil de viver.
Em qualquer dos casos, e para os citadinos, é uma
experiência sui generis estar no campo a “ouvir o silêncio”. Ou em plena urbe,
de noite e na rua, durante um apagão eléctrico, onde todas as máquinas param,
deixando de produzir sons ou vibrações. Dos ares condicionados aos frigoríficos
e aparelhos de comunicações.
E, ao fim de um pedaço nestas condições, acabamos por ser
nós mesmos a produzir qualquer som audível, para fugir ao silêncio
incomodativo. Trauteando uma modinha, por exemplo. Ou o clássico “assobiar no
escuro”.
Podemos fechar os olhos e fugir a informações visuais.
Dificilmente suportamos o silêncio ou as “agressões” sonoras.
Num mundo onde a imagem impera, fruto das actuais tecnologias,
é bom não esquecermos isto.
Imagem roubada da net
By me
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