segunda-feira, 19 de agosto de 2019

19 de Agosto




No dia da fotografia, uma fotografia sobre fotografia.
Em cima da cama, abro uma das malas. Uma das que tenho com material fotográfico, entre câmaras, objectivas, flashs, fotómetros e demais parafernália.
Cada um destes itens chegou à minha posse porque, na altura, era o que queria ter, o que encontrei no mercado e o que a minha modesta bolsa conseguiu pagar.
De um modo ou do outro, cada uma destas peças, de película ou digital, automáticas ou completamente manuais, tem uma história na minha vida em torno da imagem. Umas com mais uso, outras nem tanto. Mas todas com uma relação de afectividade marcante.
No entanto, hoje em dia, fotografo essencialmente com uma 50mm, ocasionalmente com uma zoom topa-a-tudo ou, mais raro ainda, com uma 600mm. Quando quero “apanhar” objectos pequenos, a minha 90mm faz a festa. E, se são muito pequenos, o fole ajuda.
Pergunto-me, frequentemente, para quê tudo o resto.
Porque os afectos àquilo com que fiz o que fiz existem. E se não nos descartamos de pessoas, pondo-as à venda, o mesmo em relação àqueles que se me moldaram à mão e à cara, materializando melhor ou pior o que a minha mente viu através dos meus olhos.
Não vendo nenhuma peça.
Cada uma delas é uma amiga, mesmo que já reformada e sem funcionar.
Tal como as imagens que produzi ao longo dos anos, também estas peças de equipamento fazem parte da minha história.
E estou arrependido de todas aquelas que vendi, em momentos de maior aperto.
Onde esta mala costuma estar arrumada, outras estão. Contendo parte de mim, tal como os arquivos de negativos, de positivos e digitais.
Perguntem-se, quando quiserem vender uma peça de equipamento, se o resultado da venda não será perderem um pouco de vós mesmos, ainda que isso possa conduzir a up-grades que, supõe-se, irão melhorar o vosso desempenho.



By me

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