No dia da fotografia, uma fotografia sobre fotografia.
Em cima da cama, abro uma das malas. Uma das que tenho com
material fotográfico, entre câmaras, objectivas, flashs, fotómetros e demais parafernália.
Cada um destes itens chegou à minha posse porque, na altura,
era o que queria ter, o que encontrei no mercado e o que a minha modesta bolsa
conseguiu pagar.
De um modo ou do outro, cada uma destas peças, de película
ou digital, automáticas ou completamente manuais, tem uma história na minha
vida em torno da imagem. Umas com mais uso, outras nem tanto. Mas todas com uma
relação de afectividade marcante.
No entanto, hoje em dia, fotografo essencialmente com uma
50mm, ocasionalmente com uma zoom topa-a-tudo ou, mais raro ainda, com uma
600mm. Quando quero “apanhar” objectos pequenos, a minha 90mm faz a festa. E,
se são muito pequenos, o fole ajuda.
Pergunto-me, frequentemente, para quê tudo o resto.
Porque os afectos àquilo com que fiz o que fiz existem. E se
não nos descartamos de pessoas, pondo-as à venda, o mesmo em relação àqueles
que se me moldaram à mão e à cara, materializando melhor ou pior o que a minha
mente viu através dos meus olhos.
Não vendo nenhuma peça.
Cada uma delas é uma amiga, mesmo que já reformada e sem
funcionar.
Tal como as imagens que produzi ao longo dos anos, também
estas peças de equipamento fazem parte da minha história.
E estou arrependido de todas aquelas que vendi, em momentos
de maior aperto.
Onde esta mala costuma estar arrumada, outras estão.
Contendo parte de mim, tal como os arquivos de negativos, de positivos e
digitais.
Perguntem-se, quando quiserem vender uma peça de
equipamento, se o resultado da venda não será perderem um pouco de vós mesmos,
ainda que isso possa conduzir a up-grades que, supõe-se, irão melhorar o vosso
desempenho.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário