Não gosto que se apropriem de símbolos e os transfigurem
visual ou auditivamente, a ponto de o significado original se transformar ou
perder importância. E gosto menos ainda quando os objectos assim modificados
têm para mim e muitos como eu significados de coisas ou acontecimentos que
vivemos na primeira pessoa.
A arte não deve ter limites, enquanto forma de expressão
pessoal.
Mas ninguém é obrigado a gostar da arte em geral, de algumas
formas de arte em particular ou de algumas obras de arte em especial.
E, mais que não gostar, desgosto de algumas obras em
particular que mexem com a minha sensibilidade, com o meu passado, com o que os
objectos originais significam.
Nunca impedirei o fazer de uma obra de arte, enquanto forma
de expressão pessoal.
Mas não me obriguem a gostar.
No caso específico, refiro-me à transfiguração ou
adulteração de um ícone da Revolução de Abril.
Pode o artista fazê-lo. Pode até haver uma boa recepção por
parte do público em geral, dos políticos no seu conjunto e dos revoltosos em
particular.
Mas não me obriguem a gostar. Nem me impeçam de manifestar o
meu desagrado.
Um Chaimite é um Chaimite, com tudo o que significa enquanto
ferramenta bélica, enquanto sofrimento infligido e enquanto elemento primordial
na queda do regime fascista em Portugal.
Ver um Chaimite travestido de obra de arte mexe com as
minhas emoções, ofende as minhas memórias e incomoda-me.
By me
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