terça-feira, 2 de abril de 2019

Não gosto!




Não gosto que se apropriem de símbolos e os transfigurem visual ou auditivamente, a ponto de o significado original se transformar ou perder importância. E gosto menos ainda quando os objectos assim modificados têm para mim e muitos como eu significados de coisas ou acontecimentos que vivemos na primeira pessoa.
A arte não deve ter limites, enquanto forma de expressão pessoal.
Mas ninguém é obrigado a gostar da arte em geral, de algumas formas de arte em particular ou de algumas obras de arte em especial.
E, mais que não gostar, desgosto de algumas obras em particular que mexem com a minha sensibilidade, com o meu passado, com o que os objectos originais significam.
Nunca impedirei o fazer de uma obra de arte, enquanto forma de expressão pessoal.
Mas não me obriguem a gostar.

No caso específico, refiro-me à transfiguração ou adulteração de um ícone da Revolução de Abril.
Pode o artista fazê-lo. Pode até haver uma boa recepção por parte do público em geral, dos políticos no seu conjunto e dos revoltosos em particular.
Mas não me obriguem a gostar. Nem me impeçam de manifestar o meu desagrado.
Um Chaimite é um Chaimite, com tudo o que significa enquanto ferramenta bélica, enquanto sofrimento infligido e enquanto elemento primordial na queda do regime fascista em Portugal.
Ver um Chaimite travestido de obra de arte mexe com as minhas emoções, ofende as minhas memórias e incomoda-me.



By me

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