segunda-feira, 1 de abril de 2019

Em memória




Soube hoje que um “amigo” do Face faleceu.
Em Novembro, na sequência de uma infecção no coto de perna amputada, que se espalhou pelo corpo. Uns meses depois de a sua esposa ter falecido. Foram ambos repórteres de imagem no Japão, na estação NHK. Ele português, ela japonesa.
Nunca nos cruzámos ao vivo, mas por sua causa vivi eu um dos episódios mais bonitos em torno de livros.
Nas nossas trocas de mensagens, mostrou ele saudades de um personagem de banda desenhada da sua e minha infância. Sendo certo que não poderia (ou não queria) regressar a Portugal, procurei por um exemplar para lho enviar. Cortesias entre patrícios…
Constatei que o que procurava, um título há muito extinto e de um personagem cobiçado, é peça rara. Foi o que me disseram em todos os alfarrabistas onde entrei.
Num deles, no entanto, e contada a história, propuseram-se procura-lo e vender-mo. Foi coisa demorada, uns meses.
Até que um dia lá estava, à minha espera, em excelentes condições, sem rasgões e apenas com a lombada vincada. Juntei-lhe um outro para mim, e de outra colecção, e fui pagar.
O dono da loja questionou-me sobre o destino daquilo que eu procurara e, confirmado, ofereceu-mo. Assim, do nada, só para ser gentil também para com um patrício em terras distantes. E sabendo que, sendo raro, seria um bom negócio para ele.
Este alfarrabista não vende livros antigos ou velhos: ama-os e entende o amor por livros que outros possam ter.
Não fica a sua loja nos meus trajectos habituais. Mas certo é que, em passando eu por aquela zona, é visita obrigatória, as mais das vezes saindo eu de lá com mais um livro cá para casa.
Onde? Escadinha do Duque, mais ou menos a meio. Recomenda-se, quanto mais não seja em memória do meu amigo lá longe falecido.



By me

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