A maior
parte das fotografias feitas nos dias de hoje por amadores ou entusiastas de
fotografia são feitas para serem consumidas na web. Nos sites de fotografia,
nas redes sociais, enviadas como mensagem.
Elas são
consumidas em tamanhos que não ultrapassam, optimisticamente, um palmo de largo
se em computador, poucos centímetros se em dispositivos moveis.
O tempo
gasto por cada consumidor com cada uma dessas fotografias não ultrapassa os
poucos segundos: cinco, na melhor das hipóteses.
E se é
certo que as imagens são divulgadas, também é certo que quem as divulga quer
algum tipo de resposta, um feed-back positivo de preferência. Um click para um
um like, meia dúzia de palavras elogiosas.
Acontece
que este consumir a correr, estes tamanhos minúsculos de imagens e a enormidade
de fotografias publicadas faz com que não haja tempo para se interpretar toda a
imagem, dos elementos que a compõem à forma como estão distribuídos e a
respectiva mensagem. Do que resulta indiferença se a fotografia for complexa,
cheia de conteúdo, sem leitura imediata ou fácil. Sem feed-back, portanto.
O que
conduz quem produz fotografia, amador ou entusiastas, a minimalizar as imagens,
a retirar elementos, a reduzi-las a pouco mais que simples grafismos, como que
icones de um sistema operativo. Em que pouco há que pensar ou interpretar.
Porque o agrado ao público é o principal objectivo e há que fotografar e exibir
fotografias que lhe agrade.
Esta
redução ao mínimo no acto fotográfico, se bem que venha a criar o chamado “estilo
minimalista” está a “estupidificar” fotógrafos e consumidores de fotografia.
Imagens
elaboradas, com diversas interpretações possíveis, com jogos de luz, cor,
composição e elementos, que enchem a alma e nos fazem pensar, são coisas que
estão a desaparecer. Da web, da imprensa, dos albuns.
E, com
isto, a identificação cultural de quem produz e de quem consome.
As vertentes
estéticas e semióticas dos povos, das culturas, dos quatro cantos do mundo,
estão a aproximar-se, criando uma abordagem fotográfica uniforme, informe e
incaracterística.
A vertente
artística ou de expressão pessoal está a definhar, muito mais rapidamente do
que gostaríamos.
Em breve,
se não já, a fotografia mais não será que como as fontes de letra que usamos:
padronizadas, imutáveis, iguais
em todo o lado. E o seu uso para mais que dez linhas ou com mais de dois ou
três centros de interesse e duas linhas de fuga será tão anacrónico quanto o
saber apertar a cilha de um muar.
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