Num fórum ou grupo onde se discute um impresso
contendo a formalidade da autorização do representante legal de um criança para
que possa ser fotografada comercialmente, deu-me para contribuir com estas
palavras.
Ficam à consideração (e as suas ideias) dos restantes,
agora que vivemos num mundo onde a imagem é rainha.
É sabido que sou um acérrimo defensor do direito à
reserva da imagem.
Esse direito aplica-se a qualquer ser humano, seja
qual for a sua condição.
Também sabemos que uma fotografia, uma vez divulgada –
seja qual for o suporte – é de difícil controlo. Tanto por parte do fotógrafo
como por parte de quem nela consta.
Ser um adulto a deliberar sobre o fazer de imagens de
menores, sem que fique legalmente salvaguardada a possibilidade de o próprio –
o menor – emitir opinião sobre a sua própria imagem é, do meu ponto de vista,
um abuso.
Mais ainda, não fica estabelecido nesse contrato que o
menor, em chegando à maioridade, poderá revogar o contrato, exercendo o seu
direito à reserva da imagem que lhe foi sonegado enquanto menor de idade.
É, do meu ponto de vista, pouco correcto colocar no
mercado à revelia do fotografado, imagens dele, ficando “ad eternum” à
disposição de quem a queira comprar e usar.
Sei que o mercado fotográfico e publicitário funciona
assim. Não significa isso que concorde com tal prática. E, muito menos, que
assim proceda eu.
Fazendo uma analogia no tempo, há mais de século e
meio que se defende o direito à auto-determinação do ser humano – o fim da
escravatura.
Faz sentido fazer o mesmo com a imagem do ser humano,
mais a mais quando o próprio não tem poder de decisão sobre ela, como é o caso
de menores.
Serei pouco convencional neste tema, lidando com a
fotografia como lido. Mas a minha condição de fotógrafo em momento algum se
sobrepõe à minha condição de ser humano. Livre e acrata.
By me
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