sábado, 5 de setembro de 2020

Retrato de uma desconhecida


 


Tenho sempre muita dificuldade em saber o que é uma boa fotografia.

Se é algo que me agrada, se é algo que agrada ao comum do cidadão, se é algo que agrada aos académicos ou críticos…

Se é a composição, se é o jogo de cor e luz, se é a mensagem que lhe está explícita, se é a mensagem que lhe está implícita…

Se é algo que se enquadra na cultura vigente, se é algo que se enquadra na cultura que foi, se é algo que talvez se enquadre na cultura que será…

Um retrato feito no dia dos mortos no México, um retrato feito no Irão, um retrato feito em Lisboa…

As fotografias feitas por Robert Capa no dia D são tecnicamente terríveis, no entanto…

As paisagens feitas por Ansel Adams são tecnicamente perfeitas, no entanto…

Os retratos de David Hamilton foram o que foram e são o que são. Tal como os de Lewis Carroll.

Salgado, Bresson, Weegee, Hockney, Hass, Friedlander…

 

Para mim uma boa fotografia tem que falar comigo. Tem que me provocar emoções, evocar recordações ou criar novas, tem que me levar a um ponto específico do espaço/tempo ou colocar-me algures no universo a sentir todos os espaços/tempos.

Tem que falar comigo seja qual for a qualidade técnica, a composição, a relatividade cultural.

Tem que falar comigo!

Esta é uma boa fotografia? Se falar consigo então é!


By me

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