Mais que fazer registos do que vejo, preocupo-me em usar a luz que incide no que me cerca para reflectir as emoções que sinto ou suponho sentir.
Não percorro o mundo, nem mesmo a minha cidade em busca daquela situação, daquele enquadramento ou daquela luz. Limito-me a fazer o que tenho a fazer, com um bloco de apontamentos comigo.
Raras vezes registo gente. Quando o faço, é sempre uma cumplicidade, quase nunca um espontâneo.
Que tenho pudor em guardar um nico da vida dos outros. Que se eles não souberem de mim ou da minha câmara, o que fazem e vivem é deles. Os troféus que possa trazer serão roubados, por muito bonitos ou expressivos que possam ser. Não o faço.
Quanto ao mais, prefiro assistir ao que acontece e fazer, com a câmara um ícone do que tentarei contar com a imagem e palavras. Sem nunca (ou quase nunca) fulanizar o que conto.
Que estes registos, nunca contam tudo. Que lhes escapa sons, e cheiros, e paladares, e memórias... O mais que podem mostrar é a luz e as texturas e os volumes por ela escondidos ou desvendados. O resto das histórias ou estórias, ou bem quem as memorizo para mais tarde as contar ou bem que se me escapam.
E deixo aos outros a tarefa de completarem ou inventarem a história ou estória que não quis ou não soube contar.
Não sou fotógrafo. Na melhor das hipóteses serei um iconógrafo com luz.
By me
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