Hoje estou de apetites.
Não me apetece manter tradições de décadas e apetece-me criar novas tradições. Que se manterão por décadas. Ou que se misturarão umas com as outras.
Hoje o tasco das portas de Santo Antão não me terá como cliente. Nem os vendedores de kebab. Nem irei ver os turistas a passearem de mão dadas, mesmo que com nevoeiro. Nem irei ver aqueles que fizeram dos vãos de escada o abrigo de consoada. Nem passarão por mim os que vão à missa deste dia na baixa lisboeta. Nem cumprimentarei o decano dos ciganos na praça do Comércio. Nem darei cigarros aos que os têm por único luxo. Nem verei a rua Augusta vazia como só hoje. Nem farei registos de gente ou de locais, conhecidos ou desconhecidos. Menos ainda, não irei ali para as avenidas para um almoço dispendioso.
Hoje estarei onde quero agora estar e onde me sinto bem como nunca.
By me
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