Em tempos estive inserido no mercado fotográfico. Fiz
fotografia de teatro, de publicidade e umas aventuras mínimas na reportagem.
Deixei essa actividade por três motivos: porque não
precisava dela para viver, porque odiava a competição insana do mercado e
porque ouvi vezes demais pedirem-me “faz baratinho”.
O não precisar da fotografia para viver é apenas uma força
de expressão. Tinha e tenho um outro ofício, regular e com ordenado certo, que
me paga as contas. A fotografia era, e é, o que me alimenta a alma. E o que
ganhei com ela, se não serviu para por comida na mesa, serviu para pagar equipamento
e completar em satisfação e dinheiro o que fazia e faço no meu emprego.
A competição é algo que odeio. Ninguém tem que ser melhor
que ninguém, ninguém tem que ser mais que ninguém, ninguém tem que ter mais que
ninguém. O mundo e a vida são suficientemente cheios e ricos para que todos
possam ter o seu quinhão sem que com isso tenham que apoucar os demais. E se eu
não vivo de menorizar ninguém, não gosto de ser alvo disso mesmo.
O pedirem para fazer baratinho é algo que me desagrada profundamente.
É menosprezar o trabalho, é achar que o que se sabe fazer pouco vale e que o
tempo investido para aprender e melhorar é de borla. Prefiro, desde sempre,
oferecer os meus préstimos de borla a fazer baratinho.
Acrescente-se que aqueles que agora estão a entrar no
mercado e que fazem baratinho, não apenas estão a apoucar o que fazem como
estão a prejudicar todos os outros, ao fazer baixar os preços ao limite das
despesas directas.
A única situação é que peço desconto é quando, em pagando
algo, pergunto se tenho direito a desconto por pagar em dinheiro trocado. E a
única resposta que espero obter em troca é um sorriso divertido que ajude a
quebrar a monotonia a quem está do outro lado do balcão.
Divirtam-se e façam o
favor de ter uma vida cheia.
By me
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