O mal de já por cá andar há muitos anos é ter muitas
histórias na memória.
A esmagadora maioria estão lá, arrumadinhas e sem darem nas
vistas. Até que um dia, por “dá-cá-aquela-palha”, surgem à superfície. Umas
vezes fortes como touros, outras ténues como dentes-de-leão.
Uma publicação numa rede social continha um nome. Que fez
soar campainhas adormecidas há dezenas de anos.
“Será que sim? Será que não?” Fui em busca de uma pista que
pudesse confirmar e encontrei a ponta que me faltava.
Aquela pessoa, agora mais ou menos reconhecida no seu meio e
cujo nome não referirei, foi uma das que, nos idos do pós-revolução, integrou
as brigadas de caça às bruxas, acusando a torto e a direito de terem pertencido
ou colaborado com a PIDE. Com ou sem argumentos ou provas, acusava e fazia a
vida negra a quem não lhe caía em graça, tendo-se vindo a provar que mentia ou
distorcia a verdade em função das preferências partidárias da conturbada época
que se vivia.
O tempo passou e, com ele, veio aquele generoso olvido do “Isso
são histórias velhas! Não adianta mexer nisso.”
Não adiantará e não serei eu que, aqui e em público, as
contarei. Pelo menos estas. Que alguns dos intervenientes, acusadores ou
acusados, algozes e vítimas, já por cá não andam para confirmarem ou negarem. E
outros, dos que por cá ainda andam, fazem por esquecer o que fizeram ou aquilo
de que foram alvo. E os seus filhos, que de algum modo acabariam por ser
envolvidos, em nada são responsáveis pelo que aconteceu então.
Ficam as memórias, as minhas memórias, despertadas por um
nome que surgiu, fugazmente, numa rede social.
E as eventuais analogias com factos recentes, com outros
protagonistas e outros detalhes, mas em linha com aqueles que recordo de há
quarenta e tal anos.
By me
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