Logo de manhã dou com duas notícias em dois jornais on-line.
Numa delas fala-se do fim anunciado das Cassetes VHS. Não se trata de nada de novo, que cada vez mais este suporte é difícil de encontrar, tanto virgem para gravar como com conteúdos. O artigo faz ainda uma breve história dos suportes de vídeo domésticos, com especial ênfase para o Betamax, de saudosa memória. Não fora o “flop” comercial da Sony, na altura, e teria sido o padrão dos vídeos amadores.
Claro que a tecnologia evolui e hoje pouco sentido faz investir nos suportes ditos “analógicos”. E quem os tiver em arquivo que se cuide, que dentro de alguns anos não serão mesmo encontrados equipamentos para os ler, supondo que, entretanto, ainda haverá imagens registadas nas fitas.
Por mim, vou digitalizando para suporte DVD os muitos e muitos filmes e documentários que ainda tenho em VHS. E vou continuar sem saber que fazer aos muitos quilos ou caixotes de cassetes que, entretanto, quero deitar fora e não sei como o fazer por um processo ecológico.
A outra notícia, noutro jornal on-line, fala-nos também de novas tecnologias. Neste caso, não de entretenimento mas antes da que é imposta pelo estado ou governo.
A ser verdade o que li, o Estado Português vai acabar com os anúncios em jornais impressos. Justiça, Saúde, Educação, passam a ter os seus anúncios públicos apenas em suporte de internete. Com esta medida o governo espera vir a poupar mais de dez milhões de euros anuais.
Claro que o principal enfoque do artigo era sobre as quebras de receitas que a imprensa vai sofrer, num momento em que já não anda de boa saúde de finanças.
Mas o que a mim mais me incomodou, e que primou pela ausência de análise por parte dos jornalistas, foi a questão da comunicação com os cidadãos. Esta decisão, que aparenta estar cheia de bondade acaba por ser uma forma de excluir aqueles que, por este ou aquele motivo, não têm acesso às tecnologias de informação. Ou devido ao preço, que um computador não é barato, ou porque não sabem trabalhar com eles. Para já não falar no facto de para se aceder à web ter que existir um contrato com um fornecedor de serviços o que, para além da despesa, condiciona a privacidade das leituras. Porque, não nos esqueçamos, a lei obriga os servidores de internete a manterem um registo das páginas acedidas por cada IP durante um dado período, para efeitos de investigação judicial. O que significa, na prática, que é possível saber-se se fulano ou sicrano foram saber que concursos existem ou o que o ministério da saúde ou educação ou justiça têm a dizer aos cidadãos. Mas não a todos.
Que não basta saber ler e escrever, há que saber usar o PC e ter posses para isso.
Por outras palavras, cada vez mais o estado está a criar info-excluidos, aqueles que, por não terem aprendido ou não terem meios materiais, se encontram fora do contacto dos governantes. Aqueles mesmos governantes que o são porque todos, repito, todos os cidadãos votam ou podem faze-lo.
As novas tecnologias de informação estão aí para ficarem. Mas não podemos, por uma questão de modernidade ou teimosia, faze-lo mais depressa do que a sociedade é capaz de absorver.
Texto e imagem: by me
Numa delas fala-se do fim anunciado das Cassetes VHS. Não se trata de nada de novo, que cada vez mais este suporte é difícil de encontrar, tanto virgem para gravar como com conteúdos. O artigo faz ainda uma breve história dos suportes de vídeo domésticos, com especial ênfase para o Betamax, de saudosa memória. Não fora o “flop” comercial da Sony, na altura, e teria sido o padrão dos vídeos amadores.
Claro que a tecnologia evolui e hoje pouco sentido faz investir nos suportes ditos “analógicos”. E quem os tiver em arquivo que se cuide, que dentro de alguns anos não serão mesmo encontrados equipamentos para os ler, supondo que, entretanto, ainda haverá imagens registadas nas fitas.
Por mim, vou digitalizando para suporte DVD os muitos e muitos filmes e documentários que ainda tenho em VHS. E vou continuar sem saber que fazer aos muitos quilos ou caixotes de cassetes que, entretanto, quero deitar fora e não sei como o fazer por um processo ecológico.
A outra notícia, noutro jornal on-line, fala-nos também de novas tecnologias. Neste caso, não de entretenimento mas antes da que é imposta pelo estado ou governo.
A ser verdade o que li, o Estado Português vai acabar com os anúncios em jornais impressos. Justiça, Saúde, Educação, passam a ter os seus anúncios públicos apenas em suporte de internete. Com esta medida o governo espera vir a poupar mais de dez milhões de euros anuais.
Claro que o principal enfoque do artigo era sobre as quebras de receitas que a imprensa vai sofrer, num momento em que já não anda de boa saúde de finanças.
Mas o que a mim mais me incomodou, e que primou pela ausência de análise por parte dos jornalistas, foi a questão da comunicação com os cidadãos. Esta decisão, que aparenta estar cheia de bondade acaba por ser uma forma de excluir aqueles que, por este ou aquele motivo, não têm acesso às tecnologias de informação. Ou devido ao preço, que um computador não é barato, ou porque não sabem trabalhar com eles. Para já não falar no facto de para se aceder à web ter que existir um contrato com um fornecedor de serviços o que, para além da despesa, condiciona a privacidade das leituras. Porque, não nos esqueçamos, a lei obriga os servidores de internete a manterem um registo das páginas acedidas por cada IP durante um dado período, para efeitos de investigação judicial. O que significa, na prática, que é possível saber-se se fulano ou sicrano foram saber que concursos existem ou o que o ministério da saúde ou educação ou justiça têm a dizer aos cidadãos. Mas não a todos.
Que não basta saber ler e escrever, há que saber usar o PC e ter posses para isso.
Por outras palavras, cada vez mais o estado está a criar info-excluidos, aqueles que, por não terem aprendido ou não terem meios materiais, se encontram fora do contacto dos governantes. Aqueles mesmos governantes que o são porque todos, repito, todos os cidadãos votam ou podem faze-lo.
As novas tecnologias de informação estão aí para ficarem. Mas não podemos, por uma questão de modernidade ou teimosia, faze-lo mais depressa do que a sociedade é capaz de absorver.
Texto e imagem: by me
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