O jardim do Campo Grande tem pouco mais de mil metros de comprido e uns duzentos na sua largura máxima. Um jardim estilo lombriga, situado na zona de entrada norte de Lisboa.
Sofreu alterações e funções ao longo do tempo, mais ou menos adaptadas às respectivas épocas. A passagem da primeira para a segunda metade do séc. XX foram das mais significativas, com um estilo arquitectónico característico, que podemos encontrar noutros locais da cidade.
De norte para sul: o lago grande, onde se pode alugar um bote a remos e dar umas remadas, quer para gaudio da pequenada, quer para passeios mais românticos dos já não tão pequenos.
Segue-lhe, na segunda metade, a piscina. Resultado da técnica do betão armado, tanto o edifício como a cerca são como que uma assinatura de uma época, tanto na capital como pelo país fora. Já foi municipal, onde por pouco dinheiro se nadava, aprendia a nadar ou apenas se refrescava. Foram várias as gerações que ali deram as primeiras braçadas. Agora pertence a uma empresa de fitness e nem desconfio do preço da entrada, que suspeito ser reservada a sócios.
A terceira massa de água mais não é que decorativa e auxiliar à retenção de humidade na zona. Curvilínea nos seus bordos, mais não tinha que uma minúscula ilha e patos. Muitos, com um abrigo dedicado. Este lago é simplesmente conhecido por “lago dos patos”.
Foi neste lago que, pela primeira vez, conheci as agruras de “homem ao mar”!
Em boa verdade deveria dizer-se “criança ao lago”. Eu!
Num banco de jardim próximo e em linha de vista com a água, minha mãe ía cuidando de minha irmã, pouco mais que de mama e quatro anos mais nova que eu. Creio que não a terá deixado cair quando se apercebeu que eu tinha ido fazer companhia aos patos, ainda que involuntariamente.
Se o lago então tinha a profundidade de hoje, nada de grave poderia acontecer, já que qualquer adulto, ali, não se molha muito mais que até meio da canela. Mas é o suficiente para molhar até ao tutano o puto que eu era.
Mais de sessenta anos passaram sobre este episódio, mas nunca o esqueci nem deixei de o recordar cada vez que ali passo, o que é raro.
Este é o local da tragédia, nos dias de hoje. O difícil no fazer a fotografia foi conseguir um ângulo e momento em que não se visse nenhum dos catraios que por ali brincavam. Todos a seco, felizmente.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
By me
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