quarta-feira, 28 de maio de 2025

Duas pequenas irmãs




Ninguém que só conheça a fotografia digital imagina o que significava ter este conjunto ou semelhante.
Por um lado o poder registar em cor e em preto e branco a mesma situação: uma câmara para cada.
Por outro, ter duas objectivas diferentes prontas a serem usadas, sem a perda de tempo para as mudar. Que as objectivas zoom eram caras e pouco comuns por cá.
Por outro lado ainda o ter um “power winder” ou um “motor” numa câmara, em regra a carregada com película em preto e branco, significava poder fazer diversas fotografias sequenciais e rapidamente sem retirar a câmara do rosto para armar o obturador e avançar a película.
Por fim, ou nem tanto, a posse deste conjunto era sinal de profissionalismo, já que quase só os profissionais ligados ao fotojornalismo tinham conjuntos assim.
Acrescente-se que o aparecer com duas câmaras ao pescoço era garantia, ou quase, de portas abertas para locais mais ou menos reservados, como eventos desportivos, encontros do jet set, salas de espetáculos... raramente se era questionado ou nos pediam pelas credencias. O mais que poderia acontecer era perguntarem-nos para qual jornal trabalhávamos, mas as mais das vezes nem isso era confirmado.
Nessa época, há quarenta e muitos anos, estes pedaços de equipamento eram caros. Bem mais, comparativamente, aos preços de hoje. Por isso, possuir duas SLR era coisa reservada aos profissionais, quantas vezes câmaras e objectivas fornecidas pelos jornais ou cedidas por fabricantes. 
Mas havia sempre quem conhecesse onde se vendessem em segunda mão. Como eu conhecia. E com quem se podiam fazer negócios fantásticos, com vantagens para ambas as partes. 
Hoje só possuem e/ou utilizam equipamento destes tempos os revivalistas de outras épocas, os que procuram as abordagens estéticas que a película permite ou os colecionadores. Eu encontro-me algures no meio destas três vertentes. 
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4

By me

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