Durante anos fiz uma piada com alunos e formandos.
Em vendo uma fotografia que me apresentavam, perguntava-lhes
se tinham sido militares e atiradores especiais.
Claro que ficavam a olhar para mim, espantados com tal
disparate. Mas eu explicava:
“Colocaste o assunto principal, o centro de interesse, bem
no meio da imagem. Como se estivesses a espreitar por uma mira telescópica de
uma espingarda”.
Claro que se riam, tal como eu. E continuava com a
necessidade de espaço, ou ar, que todos e tudo necessitam. De seres vivos a
objectos inanimados. Espaço esse que é resultado da sensação de segurança e
tranquilidade dos seres vivos e da forma como usamos objectos inanimados, desde
uma cadeira a uma caneta, passando por um automóvel ou um portão de quinta.
Tudo tem um espaço próprio. Que devemos respeitar em condições normais, a menos
que queiramos criar uma sensação de desconforto em quem vê a imagem, ou
qualquer outra mensagem diferente do habitual.
Um destes dias, de conversa com um conhecido, passei-lhe
para a mão a minha câmara. Espantou-se com o peso, olhou para aqueles botões
todos e perguntou-me se podia fazer uma fotografia. Claro que sim, as que
quisesse.
Quando as vi, disse-lhe a piada do costume, sobre ser
atirador especial. Saíu-me o tiro pela culatra! Então não é que sim, que no seu
tempo de militar tinha sido atirador especial, sniper se quiserem.
Rimo-nos e trocámos umas dicas sobre fotografia e tiro de
espingarda, cada qual a falar do que conhece.
Claro que não estavam à espera que aqui mostrasse uma das
fotografias em causa, pois não? Nem a pessoa fotografada foi questionada sobre
a utilização da sua imagem, nem perguntei a quem fotografou se poderia usar o
que fez.
Em alternativa, um auto-retrato. Juro que me foi penoso
fazer este enquadramento!
By me
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