quinta-feira, 12 de maio de 2022

Sniper



 

Durante anos fiz uma piada com alunos e formandos.

Em vendo uma fotografia que me apresentavam, perguntava-lhes se tinham sido militares e atiradores especiais.

Claro que ficavam a olhar para mim, espantados com tal disparate. Mas eu explicava:

“Colocaste o assunto principal, o centro de interesse, bem no meio da imagem. Como se estivesses a espreitar por uma mira telescópica de uma espingarda”.

Claro que se riam, tal como eu. E continuava com a necessidade de espaço, ou ar, que todos e tudo necessitam. De seres vivos a objectos inanimados. Espaço esse que é resultado da sensação de segurança e tranquilidade dos seres vivos e da forma como usamos objectos inanimados, desde uma cadeira a uma caneta, passando por um automóvel ou um portão de quinta. Tudo tem um espaço próprio. Que devemos respeitar em condições normais, a menos que queiramos criar uma sensação de desconforto em quem vê a imagem, ou qualquer outra mensagem diferente do habitual.

Um destes dias, de conversa com um conhecido, passei-lhe para a mão a minha câmara. Espantou-se com o peso, olhou para aqueles botões todos e perguntou-me se podia fazer uma fotografia. Claro que sim, as que quisesse.

Quando as vi, disse-lhe a piada do costume, sobre ser atirador especial. Saíu-me o tiro pela culatra! Então não é que sim, que no seu tempo de militar tinha sido atirador especial, sniper se quiserem.

Rimo-nos e trocámos umas dicas sobre fotografia e tiro de espingarda, cada qual a falar do que conhece.

 

Claro que não estavam à espera que aqui mostrasse uma das fotografias em causa, pois não? Nem a pessoa fotografada foi questionada sobre a utilização da sua imagem, nem perguntei a quem fotografou se poderia usar o que fez.

Em alternativa, um auto-retrato. Juro que me foi penoso fazer este enquadramento!


By me

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