sexta-feira, 27 de maio de 2022

Responsabilidades




Esta fotografia tem um pouco mais de dez anos e faz parte de uma série que vou mantendo, agora com menos frequência: "Um olhar".

Publiquei-a na altura com o seguinte texto:

 

“A menina das tintas

Era tímida e foi o cabo dos trabalhos para conseguir convencê-la a deixar-se fotografar. O que não consegui foi que me desse o seu nome. Sendo que estávamos numa loja de artigos de belas-artes, foi assim que a baptizei, disse-lho e aceitou-o. Ficou!"

Aquilo com que na altura não poderia contar foi o que aconteceu um ano depois:

Entrando na mesma loja, a Menina das Tintas veio ter comigo e perguntou o que havia eu feito com a fotografia que lhe havia feito e se a poderia ver.

A internete tem destas coisas e mostrei-lha de imediato. Gostou.

 

Uma demonstração para além de qualquer dúvida da importância que os fotografados dão às fotografias que lhes são feitas, muito mais que a importância que quem faz fotografia dá ao resultado do seu trabalho. As mais das vezes.

Que uma fotografia, mesmo que dela nos recordemos, é "mais um troféu", é “mais uma" fotografia.

Mas o fotografado, quer se trate de uma fotografia de estúdio ou uma ocasional algures fora dele, considera cada uma como especial. No fim de contas, está ali um pedaço dele/a. Naquele breve instante da obturação, foi o centro do mundo e ele parou para isso.

 

Convém que nós, que fazemos fotografia por profissão ou por devoção, tenhamos em conta o que pensa cada fotografado, o que sente cada fotografado.

E que respeitemos aqueles que se deixam fotografar e ajudam a encher a nossa coleção de troféus.


By me

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